sábado, dezembro 27, 2008

Um tudo de nada

Não sou nada nem ninguém e no entanto serei todos e tudo que queiram ver em mim...

segunda-feira, dezembro 22, 2008

...de génio e louco...

terça-feira, novembro 18, 2008

Livro de Cabeceira III

Aqui fica o meu ultimo contributo para o funcionamento dos meus neurónios. Ando numa fase de interesse intermitente pela leitura e por isso demorei muito mais do que é natural a ler este livro.
Demorou mas gostei. Trata-se de um romance histórico sobre a vida de um homem e de uma Catedral, retrata Barcelona medieval e recomendo. Diria que tem uma leitura fácil e às vezes também sabem bem.

sábado, novembro 15, 2008


Este é apenas o corpo que ocupo,
Nada mais pretende ser...

sexta-feira, novembro 07, 2008

O vício continua...

É oficial, tatuar é um vício!
Recentemente fiz mais duas tatuagens.
Já me disseram que sou maluco, que é demais, mas que fazer? eu gosto...
Nas costas escrevi uma frase do poema "Porque" de Sophia de Mello Breyner Andresen, uma das maiores poetisas do nosso país, a par de Florbela Espanca.
A frase? "Porque os outros têm medo mas tu não...". Identifico-me com ela, entendam-na como quiserem...eu cá saberei o que me diz.
A outra tatuagem, é como um prolongamento de uma já existente, os ramos da árvore que tinha aumentaram e no topo, um corvo olha por mim nos bons e maus momentos, está sempre comigo...Sempre.
Estranhas? Talvez, mas sou assim e dificilmente mudo.
Gostem ou não.

terça-feira, novembro 04, 2008

Insónia cerebral

Meu corpo descansa mas eu não. É a conclusão a que chego nas noites em claro, que de claras nada têm.
Absorvido por pensamentos, normalmente desagradaveis, vejo o desfiar da vida, o fundo do tunel onde, por vezes anseio chegar.
Outros dias penso em agarrar-me às paredes do poço onde mergulho e luto por não sentir o impacto do fim, mas esses são os dias raros, os que ainda me dão a força para continuar.
Maldigo cada dia que passo neste limbo, na incerta razão de ser, entre os fiéis da balança.
À noite penso e repenso, cada flash da vida percorrida, das certezas e incertezas de mim e não durmo.
Ou melhor, durmo mas não descanso...

(a foto é de um recanto escuro e decadente de Budapeste...)

quinta-feira, outubro 16, 2008

Ad Aeternum

Busco a sombra do teu corpo
Em redor de pedras ocultas
Portas secretas do (teu) mundo
Onde vozes perdidas sussurram
Apenas para mim…

Busco os olhares escondidos
Gestos mudos de quietude
Almas inquietas de orgasmos e dor
Sopros funestos de solstícios
Alegorias de vida, fantasmas do nada

Busco uma e outra vez
Remexo o pó centenário que cobre
Traços antigos, absorvidos no tempo
Sinais de um sonho surreal
Odes de prazeres proibidos

Vive em mim…

domingo, setembro 28, 2008

Opus Magnum

Queria parar o mundo
A forma imutável como gira
Queria parar…só por momentos
O respirar do corpo que ocupo
Suster o avançar da ditosa obra
De um deus que não pede opinião
Queria congelar o tempo
Ver-me de fora, como se olhasse
Para outro, que não sou eu.
Olhar com a curiosidade distante
Possível a quem não sente
E no fim…no fim, se (me) reprovar
Ousar o papel divino
Prolongar essa apneia eternamente.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Fauna rara

Sempre tive um fascínio por bosques e matas, natureza em geral e foi a primeira vez da minha vida que, em território nacional me cruzei com um esquilo em estado selvagem (os de monsanto não contam porque foram lá colocados). Nem fazia ideia que ainda existiam animais destes nas nossas florestas.

"A gente não lê"

Esta letra cantada por uma senhora de nome Isabel Silvestre, conhecida por colaborar com os GNR na "Pronúncia do Norte", é das que para mim, melhor traduz o nosso país rural, profundo e não obrigatoriamente inculto. São conhecimentos igualmente válidos, que se passam de geração em geração, de boca em boca, com o calo do tempo que vai comprovando que nem só o que se traduz em letras é importante.
Sinto neste texto a força do povo esquecido e escondido, aquele que muitas vezes nos guarda as tradições, quase apenas por orgulho e teimosia...
"Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
Rogar a deus que nos guarde
Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialecto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais
E do resto entender mal
Soletrar, assinar de cruz
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por trás da luz
Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de leziria
De boca em boca passar o saber
Com os provérbios que ficam na gíria
De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira
Carregar a superstição
De ser pequeno, ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem"

quinta-feira, setembro 11, 2008

Obrigado!

É sempre agradável para quem se mete nestas andanças dos blogs, livejournals e afins chegar a números redondos de visitantes.
Seja por se gostar, se detestar ou, por mero engano aqui vieram parar, hoje este pseudo-diário chegou às 10.000 visitas.
Agradeço a todos os que por cá passam, passaram e até aos que juraram nunca mais cá voltar.
Ando um pouco apagado deste mundo, mas assim que puder regresso com mais força, vontade e inspiração (?).
Obrigado a todos!

terça-feira, setembro 02, 2008

Insaciada


"...Amor, sensuália, que filtro através do meu espírito de requinte e morre nostálgica de beleza…
E para quê, para quê esta angústia que eu não sei dizer e que só a minha alma doente de beleza compreende e sofre?!
Ai, a minha carne terá de gritar eternamente!... e todo esse clamor terá de passar através do meu espírito faminto…insaciado!
…E sempre o mesmo tédio a fartar-me, a vencer-me!"


de "Satânia" - Judith Teixeira

sábado, agosto 02, 2008

Nada querer


Quero ser pó,
Daquele pó que a brisa apaga
Mesmo a mais ténue aragem vence
Quero ser nada,
Pouco desejar e menos sofrer,
Viver invisível, sem ser
Quero não infligir dor,
Nem sofrer desse mal,
Deixar de pesar, simplesmente deixar…

domingo, julho 13, 2008

Equilibrios eternos


Observai em estático delírio
A frenética dança dos Astros
Lua e Sol, Sol e Lua
Tão dispares e complementares
Rainha e Rei no mesmo trono
Senhores intemporais do Mundo
Do que veio e do que há-de vir

A eterna disputa dos seres inferiores
A influência demente das forças
Dos cultos místicos sem termo
Dos ritos longíquos e nebulosos
Perdidos entre brumas de solidão
E ventos purificadores de almas

Deixai-os brilhar solitariamente
Cada um no seu tempo
Cada um no seu reino
Deixai-os guerrear pelo céu
Trevas e Luz coexistirão sempre
Alheios a vontades profanas
Superiores a tudo e a todos!

domingo, junho 29, 2008

Mafra, a Magnânima

A Avenida ou Estrada do Sol que se admite haver sido planeada por D. João V para unir em linha recta o seu Monumento ao Atlântico. Tomás de Pinto Brandão: "[...] E é que há-de vir, da Ericeira / direito a Mafra um canal, / por onde os barcos caminhem, / e seja estrada naval [...]". Traçando uma recta no eixo da Basílica e prolongando-a através da R. Serpa Pinto, para poente, até atingir o litoral, essa linha une a Real Obra à ermida de S. Julião e Santa Basilissa (S. Julião). Nesse templo, verdadeira antecâmara do de Mafra, porquanto os seus patronos corporizam, conforme as iniciais dos seus nomes atestam, as colunas Jakin e Boaz, acha-se a demonstração definitiva da cubatura do Monumento de Mafra. Com efeito, sob a galilé de S. Julião abriga-se a Pedra do Mistério, na realidade a planificação da Pedra Cúbica, cujos quadrados mágicos já transformados em pentáculos, são o corolário da mestria guemátrica de Manuel Teixeira, ilustre cabalista.

sábado, junho 21, 2008

Rituais antigos


Porque hoje comemora-se o Solstício de Verão e porque luto por manter vivas certas memórias...

segunda-feira, junho 16, 2008

Doces Vícios


E dos golpes que me fustigam o corpo não me queixo
Dos Males da Alma tão pouco
Sinto mais além, próximo e distante
Anseio no escuro dos dias
Doce Fada de torturas
Veneno ambíguo de prazeres proibidos
Herdeira da dor
Meretriz de vícios...

terça-feira, junho 10, 2008

Recanto de sentir

Há momentos e lugares de encanto,
explosões de comunhão e sentir...

terça-feira, junho 03, 2008

Cores da (minha) Terra II





Fotos apanhadas num Lugar muito próximo de casa - Paço d'Ilhas - um pequeno tesouro ainda pouco conhecido.

domingo, maio 11, 2008

Tempus fugit

Caminhamos a passo largo para o definhar do ser
Fraco sufoco que esmaga a pele sem se fazer notar
Tempo contado que não perdoa
Longas esperas, sábias feras…

sexta-feira, abril 25, 2008

Maldoror


Dia 23, Culturgest, 21h20 – Maldoror entra em Cena. Figuras saídas de um sonho/pesadelo invadem o palco silencioso. Uma coluna branca, despida, abriga no alto a bateria, enquanto são projectadas imagens dementes nas suas faces. Luxúria Canibal enche a boca do palco com um charuto na boca. Atrás dele os restantes elementos dos Mão Morta concretizam a banda sonora de uma sequência de textos, velhos de 150 anos, espantosamente ainda nauseantes e provocatórios.
A sala estava lotada e em silêncio enquanto o Poeta Isidore Ducasse, aliás Conde de Lautréamont toma conta da voz e do corpo de Adolfo colocando-o no papel de Maldoror, o narrador/personagem dos Cantos com o mesmo nome.
Se alguém esperava um simples concerto dos Mão Morta talvez tenha saído desiludido, se tal for possível. Este espectáculo é acima de tudo um momento de poesia e imagem, de palavras e delírios visuais…se tal não fosse de onde viriam excertos como “estou sujo/roído de piolhos/os porcos, quando olham para mim, vomitam” ou “de repente, no momento em que ela menos espera, enterrar-lhe as unhas compridas no peito mole, de modo a que não morra”?.
Os Mão Morta mais uma vez demonstraram a sua originalidade e o avançado mundo onde se movem. Nem sempre compreendidos, mas sempre com um espaço que lhes está reservado nesse submundo que me rodeia e a tantas outras almas como eu.

quinta-feira, abril 24, 2008

Into my arms

Nick Cave é daqueles autores que há anos me marcam pela sua forma de escrever, umas vezes crua e dura, outras mais sonhadora, e permitam-me, até romântica, mas sempre sombria e decadente.
Este senhor raramente nos brinda com a sua presença em palcos Portugueses e desta vez surgiu a oportunidade de o ver e ouvir ao vivo no Coliseu de Lisboa no passado dia 21.
Uma sala lotada impacientemente esperava o artista, não sem antes levar com uma primeira parte de aborrecimento com uns conterrâneos de nome Dave Graney & The Lurid Yellow Mist (para esquecer).
Por volta das 22h10, inicia-se o culto com o Reverendo Cave a liderar as suas “Sementes do Mal” que depois de alguns anos de interregno voltam a acompanhar, e bem, o Pastor Australiano. Com um concerto muito baseado em músicas do novo “Dig, Lazarus, Dig” deixando a maior parte da plateia um pouco perdida, não perdeu a hipótese de a encantar com clássicos como “into my arms” ou “Stagger Lee” e ainda temas roubados a Johnny Cash, caso de “Wanted Man” ou a Jarvis Cocker com o tema “Nobodys Baby Now”.
Soube sem duvida com o seu ritmo estranho e delirante, cativar um público já sedento de lhe prestar a devida homenagem, pela sua simpatia e sobretudo pela versão Discos Pedidos durante os dois encores , onde questionou o publico incessantemente sobre os temas que queria ouvir…(sinceramente em tanto concerto, nunca tinha assistido a tal coisa).
Foram 24 músicas e cerca de 2 horas e meia de Celebração divina para conversão dos infiéis ainda existentes
Declaro-me aqui completamente convertido a essa estranha religião do Reverendo Cave…Até à próxima!

sábado, abril 19, 2008

A janela


Da janela há muito esquecida
Vejo o passado, o caminho para trás
Vejo brincadeiras de infância, tristezas e alegrias
Pequenos nadas que torturam e definem a mente
Do adulto que olha pela janela…
a que estava já esquecida

Os despojos do que ficou adiado,
A dor do que se perdeu
A janela ali está, queda, muda,
Alheada de tudo
Como se nada passasse através dela
Como se não visse o que vê

Estática, inestética
Ela mostra o que não quero ver
O que escondi à força debaixo da poeira dos anos
As rosas já mortas, essas parecem agora de papel
Meros esboços do que foram um dia

Tal como eu…

terça-feira, abril 15, 2008

Mar de silêncio

...em ondas de vento acordas
em ondas de vento adormeces…

domingo, abril 06, 2008

Outras gentes, outras cores

Banca de mercado

Toranja

Paprika???

Paraíso de gulosos

Fácil de entender (?)

sábado, abril 05, 2008

Encanto Magiar

Budapeste, a cidade de tantos impérios, a terra de eterno sofrimento e ocupação.
Estes rasgos na pele de um povo notam-se, quer na atitude, quer no orgulho de levantar do chão uma e outra vez uma cidade mártir.
Respira-se imponência e decadência, tudo num mesmo local. As fachadas magnânimas onde ainda se vêem os buracos das munições, as placas memoriais de vidas perdidas a cada esquina, tudo isso se respira em Budapeste.
Os cafés ainda têm o encanto de outros tempos, há o culto do estar, do ir ao café como parte de um estatuto social.
Foi sem duvida uma viagem de descoberta, de contacto com outra realidade. Apesar de europeia, Budapeste não nega as suas outras vidas, a otomana, patente no gosto pelos banhos públicos e na gastronomia, a faceta mais imperial herdada do tempo Austro-húngaro, a austeridade de certos quarteirões fortemente soviéticos.
O maior obstáculo foi sem duvida a língua, apesar da boa vontade e da simpatia das pessoas, quase ninguém fala inglês nas ruas de Budapeste, mas o calor e a vontade de ajudar estão lá.
Ficam aqui algumas fotos do que foram estes dias…
Parlamento visto da Ponte das Correntes

Praça ao entardecer com o Palácio Real em fundo

"Cá vou eu no meu traby..."

Praça dos Herois

"Anonymus" em Varosliget

Pormenor nas ruas...

Cobertura da Opera


Outros tempos...

sábado, março 22, 2008

Elogio Fúnebre


Desces lentamente à Terra
Desces sem volta a dar
Olhos fechados
Corpo frio de silêncio
Quarto escuro de recolhimento
sonho do qual não irás acordar

Nada mais receberás
Nem um beijo, nem uma carícia
Nem uma lágrima verterá
Já nada és...
Fica a lembrança dos outros
Boa ou má, tanto te dá

Já ninguém sabe de ti
Passaram os tempos
Nada contas
Apenas mais uma pedra
Num jardim de tantas outras

Desces já à terra
E há flores em tua volta
Desces à terra
Não fazes falta...

sexta-feira, março 21, 2008

Do Livro Primeiro...

"A flor que és, não a que dás, eu quero..."

Ricardo Reis

sexta-feira, março 14, 2008

O que é, novamente será...
O que foi um dia, voltará a ser...
Seremos hoje e amanhã de novo...
Eterno ciclo de Mutação e Retorno

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Cheias 2008




Após meses de seca, no passado dia 18, choveu durante uma hora mais do que é suposto chover durante o mês de Fevereiro.
O resultado foi este. Por aqui não ocorreram acidentes pessoais e houve poucos danos materiais. Quando assim é, fica a beleza selvagem da natureza a ensinar mais uma lição ao Homem: Não se controlam nem alteram as suas vontades...
O leito normal do rio é facilmente identificável pelas árvores que ladeiam o seu curso.
As imagens são do vale do rio Lizandro, junto à Igreja da Senhora do Ó do Rio do Porto (à esquerda na 3.ª foto, semi-submersa, bem como o cemitério), Carvoeira, a cerca de 500 metros de casa, felizmente num local mais alto.
Para a posteridade...

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Livro de Cabeceira II

Regressando a esse capítulo deste blog, onde prometi (?) em tempos ir deixando alguma informação sobre os livros que vou lendo, sempre que posso ou me apetece.
Desta vez o livro em questão é uma publicação pelos vistos rara, de 1984, que dá pelo nome "Da Sepente à Imaculada".
Pode parecer um título estranho para muitas pessoas, mas para quem me conhece e sabe dos meus interesses, não será decerto.Trata, em traços altos, da mitologia arcaica deste rectângulo onde vivemos e das várias formas de culto ao feminino então existentes, alguns resistentes até hoje, muitas vezes de forma camuflada sob o disfarce de ícones católicos.
Como já referi em textos anteriores, toda a área que hoje é Portugal foi diversas vezes apelidada em vários livros clássicos de Ophiusa que em grego quer dizer "terra das serpentes", não pela quantidade de reptéis existentes, mas pelo culto da serpente - simbolo da fecundidade e de renovação espiritual.
Tenho noção que não é um tema fácil de apreciar ou até de entender, mas faz parte de mim e dos meus "estranhos prazeres", o gosto pelo mítico e pelo ancestral...

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Cesariny


"...O que importa é não ter medo,

Fechar os olhos

Frente ao precipício

E cair verticalmente no vício..."
Mário Cesariny

sábado, janeiro 26, 2008

Partes de mim...

Uma morte recente fez-me regressar e pensar no passado, o passado familiar, as raízes e origens que tantas vezes traçam o meu caminho e tantas outras esqueço de escrever, como sabiamente me alertaram…”para que a história não se apague..”
As memórias velhas de anos já longínquos para mim de férias na aldeia dos bisavôs maternos, da casa do fogo sempre aceso, verão ou Inverno, pois era o fogão dos simples, das noites à volta dele enrolados em estranhas histórias sobre a casa e sobre a quinta centenária onde trabalharam décadas, das capacidades indesejadas do bisavô, amaldiçoando passá-las para as filhas, das visões e experiências sussurradas em surdina pelos mais novos, sob o olhar de reprovação e tristeza do velhote, já cansado mas com o olhar vivo dos sábios homens da terra…
Recordo-me perfeitamente de uma noite em que tinha caído um temporal de verão e instalou-se um calor sufocante e húmido, olhar do quintal já escuro da casa para o cemitério da aldeia, ao longe e ver dezenas de pequenas luzes a brilhar por cima dos túmulos. A explicação científica que eram fogos-fátuos logicamente não entrou na cabeça de uma criança curiosa mas rodeada de histórias e factos estranhos para quem vinha da "cidade".
Recordo agora com carinho e saudade esses dias e essas noites de palavras e expressões estranhas que tanto puxavam pela minha imaginação.
Ao voltar aquela casa, agora vazia, aquele quintal abandonado, onde os frutos ainda teimam em nascer, confesso que as lágrimas escorreram, como se tivesse reencontrado uma parte de mim que sabia perdida mesmo sem dar conta…obrigado...

sábado, janeiro 19, 2008

Repouso eterno...

Às vezes, nas memórias difusas de tempos distantes, ainda recordo a floresta, os sons encantados dos dias, as fontes que correm atrás das pedras milenares, o bramir do rei veado cortejando a sua rainha, a brisa fresca que afaga o carvalho, suave e acariciadora de sonhos eróticos.
Sinto ainda nas veias, as noites gélidas e escuras, envoltas no medo animal que nos tolda a razão, que nos faz voltar à força primordial da besta, carnal, bruta e tão isenta de pecado.
As noites à fogueira, entoando litânias de desejos e ardores, tantas vezes silenciados, o extâse libertador da hipnose invocada.
Os senhores do sol e da lua numa interminável orgia de cumplicidade e poder, olham por ti ao longe, por trás do arvoredo sacro do Promontorium Ophiusae, terra de Serpes, recanto místico onde repouso e espero...

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Orgasmo de sabores

Como diriam os Monty Python, ”and now for something completely different…”

Chegou-nos hoje uma encomenda de chocolates quentes do Reino Unido. Importámos, porque infelizmente não sei de local nenhum onde se possam adquirir em Portugal, pelo menos nos locais que conheço.
Quando estivemos em Londres comprámos uns chás da marca Whittard of Chelsea confesso apenas por gostarmos das embalagens. Anos depois abriu na Ericeira um salão de chá onde vendiam os chocolates quentes da mesma marca e garanto-vos que foi paixão à primeira vista, ou melhor ao primeiro sabor…Mas infelizmente o salão mudou de mãos e a qualidade bem como os produtos desapareceram. Após muita procura e alguma ressaca (shame on me) decidiu-se pedir directamente à casa–mãe três sabores para experiência: Chocolate e Menta; Chocolate com Coco and last but not least Chocolate e Chilli AztecaO meu Chocolate!
Paladar forte, corpo espesso, sabor ligeiramente amargo e com uma sensação posterior bastante intensa de picante na garganta…sensação de satisfação completa, garanto-vos.
Lojas Gourmet de Portugal, por favor peço-vos que adquiram estes produtos…prometo ser um cliente fiel…por favor...

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Lusitana Pátria Amada

(Palácio - Hotel do Buçaco)

Hordas de guerras há muito perdidas
Ecoam ainda nas penhas de além Tagus,
Povos que teimam em sacrificar vidas
Em memórias remotas de Reinos e Magos

Duras as vozes que gritam orgulho
Ancestrais devoções de ódio e dor
Escutemos ao longe o revoltante murmúrio
Por quem se canta tão Luso amor

Chorai então Homens antigos
Grita alto Pátria alada
Rasga os grilhões teus inimigos
Cantai o hino de vitória conquistada

domingo, janeiro 06, 2008

Cidade Morta

Nos dias rasgados a ferros, forçados a sair do vazio tenebroso
Alimentam-se os velhos esquecidos na imensidão dos tempos,
Entre escombros da cidade moribunda, fétida de corpos abandonados
Deixados à sorte, para a sorte dos necrófagos, os velhos…
Existirá alguma réstia de vida, algum pedaço de esperança?
Cidade morta de amores, isolada de sentimentos
Cimento tumular, concreto silenciador do mundo real
Há muito que se deixou de contar o tempo…para quê?
Um dia acaba, ninguém sentirá falta,
nem os velhos…

terça-feira, janeiro 01, 2008

No rasto das origens

Anta da Fonte Coberta - Chã.
Uma das mais bem conservadas que vi até hoje, monumento funerário .
Pedra ornamental peculiar, nos Jardins do Palácio de Mateus,
mas que claramente não é da mesma época do Palácio (Séc. XVIII).
Em Carlão, onde existiu um Castro, fortificação pré-histórica,
reparem na face da pedra mais alta...não vos parece um rosto antropomórfico?

Topo de Megalito em Carlão, onde são visiveis vários círculos e semi-círculos entalhados
na rocha, eventuais provas de local de culto pré-cristão.


Túmulo duplo perto de Garganta, pequena aldeia perdida entre penedos.
O curioso deste local, é ter existido em tempos uma ermida dedicada a N.ª Sr.ª de Ermes,
adaptação quase certa de Hermes, Deus Grego relacionado com signo de Gémeos...túmulos duplos? - Gémeos?

Uma das pancadas a que dei asas nas terras por Detrás dos Montes foi a busca e a recolha de imagens de monumentos pré-cristãos, numa zona que se mostrou generosa a esse nível...
Verdade que é preciso fazer quilómetros, por vezes por estradas de má qualidade e perguntar aos habitantes locais onde é “isto ou aquilo”, que recebi algumas respostas como “Não conheço..”; “Não sei...”.
Apesar de tudo ainda foi possível recolher algumas fotos de megalitos e sepulcros, bem como de uma anta em excelente estado de conservação.
Ficam aqui algumas fotos dos locais que falo com breves descrições da pouca informação existente sobre eles...

Um especial agradecimento aos meus cunhados Ana e André, pela paciência e pela máquina fotográfica, pois este que vos escreve é tão distraído que andou 2 dias a pensar que tinha esquecido a própria máquina em casa...Obrigado