quarta-feira, dezembro 23, 2009

Um nada

"Fim do nosso orgulho, somos um vento,
um pó, um fumo, uma sombra, um nada...
Somente visto a minha veste, um verme morto,
Amanhã morto, cavalgo um verme vivo..."

domingo, dezembro 13, 2009

Anjos Caídos

Anjos de tempos esquecidos
Caídos na penumbra do oculto
Guardas mudos de sonhos
Demónios internos de mim...

segunda-feira, novembro 23, 2009

Livro de Cabeceira X

Este é um livro que logo à partida seria uma leitura interessante para mim, pois os assuntos centrais da sua história são temas que me agradam e despertam interesse e sobre os quais já escrevi várias vezes neste blog.
O livro romanceia temas como o V Império, Sebastianismo, Regaleira e ordens secretas, tendo como personagens principais, figuras como Fernando Pessoa e Aleister Crowley. Desenvolve-se entre estes uma relação de "amizade" necessária a ambos e acabam por se descobrir e completar como figuras únicas e especiais que foram (e são).
Perdoa-se até alguma fantasia em excesso em alguns trechos do texto, pois sabendo afastar essa visão, o livro possui muita informação verídica sobre os 2 personagens principais, as suas vidas e relações e mito do V Império, os seus valores e bases. Recomendo...

quarta-feira, novembro 11, 2009

Sorrir

"Sorriu, e a morte sorriu também. Compreendeu porque é que ia morrer sossegado: tinha vivido uma vida mágica e quem vive uma vida mágica sabe que não há morte, apenas um alçapão por onde o corpo desaparece para ir para outro lugar; como no palco de um ilusionista."
In A Conspiração dos Antepassados de David Soares

sábado, outubro 31, 2009

Samhaim





Porque hoje é o Samhain, deixo-vos aqui as fotos de um cemitério do século XIX, abandonado, em Sanfins - Valença, próximo das ruínas do misterioso mosteiro com o mesmo nome.
Resistem apenas umas quantas lápides centenárias, a capela funerária e uma coluna ao centro.
Tiradas ao anoitecer, no meio da floresta, longe da aldeia, no silêncio... senti um arrepio, confesso.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Druídas

Este foi mais um dos trilhos que fiz durante a estada na Peneda.
Partindo da aldeia de Tibo, inicia-se a descida ao vale do rio Pomba, uma das fronteiras naturais entre Portugal e a Galiza. O vale já de si tem uma paisagem bastante agradável, mas o mais surpreendente é o que se esconde a cerca de 4 quilometros da aldeia...



Vale do Rio Pomba

Simplesmente aproveitar os sons da natureza...
Chegando à margem do rio, encontra-se uma clareira rodeada de carvalhos. Esta clareira tem diversos vestigios de utilização continuada, com a existência de vários locais de fogueiras, mas tudo muito limpo, sem qualquer lixo ou corpo estranho à natureza.
Nesta clareira acampam regularmente estudantes vindos da (ainda) distante Universidade de Santiago de Compostela, que aqui vêm propositadamente para iniciar "irmãos" na mística druídica, na comunhão com a natureza e com a magia milenar das coisas simples.
Este local guarda em si mesmo duas das entidades mais importantes para os seguidores da ancestral cultura druídica: é rodeado de Carvalhos, a árvore da sabedoria e da cultura por excelência para os celtas - o termo Druída provém da lingua celta e traduz-se como "aquele(a) que tem o conhecimento do carvalho"; encontra-se à beira rio, ou seja, junto à fonte de toda a vida, a Água. Esta feliz coincidência, cedo chamou a atenção de amantes desta crença.



Clareira dos Druídas

Após passar esta clareira iniciática e com uma forte mistica, chega-se, depois de passar pelo interior de uma rocha, ao local conhecido como a piscina dos druídas, várias lagoas formadas pelo rio, de uma pureza dificil de imaginar hoje em dia, onde existem pelo menos dois símbolos gravados na pedra ali deixados por antepassados, uma cruz templária e um peixe (símbolo dos primeiros cristãos). Se outros indícios não existissem, estes eram fortes o suficiente para me deixar com a suspeita que este local é utilizado para rituais iniciáticos e "baptismos" pré-cristãos.


Passagem para a piscina dos Druídas




cruz gravada na rocha



peixe gravado (o angulo não é o melhor, mas não me apeteceu ir ao banho)

Apesar de distar apenas 4 quilometros da aldeia, este local é bastante isolado e resguardado de olhares alheios. A sua envolvente, água, pedras enormes, árvores centenárias e nobres decerto agradou quem segue os ritos da mãe natureza. O facto de com meia dúzia de passos por cima dos seixos, estarmos em território Galego, ou seja, uma fronteira natural e legal, potencia a zona como iniciática.

pormenor de uma das "piscinas"
Garanto-vos uma coisa, não foi a paisagem mais bonita que já vi, mas foi dos lugares mais místicos e pacificadores onde estive...

sábado, outubro 17, 2009

P'las serranias arriba...

Precurso ao chegar ao Fojo do Lobo


Extensão dos muros do Fojo do Lobo
Zona do Poço do Fojo
Poço ao fundo

Cardenhas
Uma pequena marca de fé, nos momentos de solidão
Depois do texto inspirado(?) nesta viagem, deixo-vos algumas das fotos tiradas pelas terras altas de Portugal.
Estas são de uma das caminhadas que fiz, cerca de 7 km a subir por caminhos de cabras a mil e poucos metros de altura para, além da paisagem cortante, visitar um nucleo de abrigos de pastores e de gado, dizem mais velho que a nação e o fojo do lobo.
Os abrigos, conhecidos na zona como Cardenhas, conjunto de casas-abrigo, construidas ao estilo celta, segundo consta, anteriores à criação de Portugal e por vezes ainda usadas. Impressiona o número (mais de 20), o local onde se encontram - um planalto abrigado, no topo da serra - e o isolamento e paz que se vive por lá, num mundo de verde e pedra, onde os séculos parecem voltar atrás.

O fojo do lobo é uma construção rude que impressiona pela grandeza e pela crueldade. Trata-se de dois muros em pedra com quilometros de extensão cada um, que convergem para um poço seco. Esta construção servia para caçar lobos, foiutilizada pelas populações durante séculos como a única arma dos pastores contra os predadores do seu gado. Actualmente acho desumano, mas não nos podemos esquecer do isolamento e das dificuldades destas povoações perdidas, cuja unica riqueza eram as suas cabeças de gado. juntavam-se aos milhares, vindos de todas as aldeias, com tachos, ferros e pedras para produzir ruido e afugentar o lobo para aquela zona e assim encurralar o animal, acabando com a sua morte...

domingo, outubro 11, 2009

Vidas escondidas

Das fontes e regatos milenares,
Das aguas sempre renovadas
Em eterna passagem pelas pontes ancestrais
Dos murmúrios e ladainhas de anciãos
Ali se preservam as almas escondidas
Os votos velados de tradição

As matas imutáveis que nos abraçam,
O nevoeiro místico que me guarda ao cair da noite
Os uivos dos lobos perdidos, as velhas magias e poções
Tudo me regenera, tudo me atrai…

Não sinto medo, sinto respeito,
Não me assustam, fascinam-me,
Fazem-me procurar mais, ver para além do óbvio,
E imaginar os tempos antigos, a escuridão, o isolamento,
Os mitos, as lendas que perduram nas mentes fechadas…
Porque assim aprenderam, porque assim teve de ser

A civilização não os entende, chamam-lhes loucos
Estranhos, excêntricos e pobres de espírito.
Exactamente o contrário, mulheres e homens talhados
Na pedra e nas serranias que os rodeiam,
Seres em comunhão com os mistérios da terra.

O garrano livre que pasta, o predador que mata para ser,
E o homem aprende a (sobre) viver neste mundo que não é dele…

sexta-feira, setembro 18, 2009

A Tempestade

A Cultursintra e a Companhia de Teatro Tapafuros já nos habituaram a excelentes peças, no mágico cenário da Regaleira. Esta foi a última, a Tempestade de Shakespeare.
Numa noite já a lembrar o outono que se aproxima, com uma neblina a cobrir a vila de Sintra, a peça desenvolveu-se em dois pontos da Regaleira: a fachada do palácio e parte do jardim - transformado em ilha perdida onde Próspero e a sua filha Miranda, foram deixados à sua sorte.
Próspero, com o seu poder sobre Ariel - espírito escravo dos desejos do seu mestre - faz naufragar o navio do Rei de Nápoles e a partir daí desenvolve uma trama de vinganças, amores e desamores...Um cenário de sonho e pesadelo, como é fácil transmitir naquele espaço quase irreal.

"Somos da mesma substância que os sonhos"

domingo, setembro 06, 2009

Endovélico - Deus (quase) esquecido



Rocha da Mina (Alandroal) - Local de Culto ao Endovélico


"Os deuses não morreram:
o que morreu foi a nossa visão deles.
Não se foram: deixámos de os ver.
Ou fechámos os olhos, ou entre eles e nós
uma névoa qualquer se entremeteu.
Subsistem, vivem como viveram,
com a mesma divindade e a mesma calma."
In "O regresso dos deuses", António Mora
heterónimo de Fernando Pessoa

domingo, agosto 30, 2009

Livro de Cabeceira IX

Confesso que é o primeiro livro que leio do jornalista/escritor José Rodrigues dos Santos e o que me chamou a atenção foi a localização histórica do enredo de "A vida num sopro". Portugal, inicios do Estado Novo, anos 30, um amor adolescente quebrado por mentalidades retrogadas, duas vidas que se separam durante anos para se reencontrar mais tarde, num mundo que não era o deles.
A guerra civil Espanhola, o nascimento do fascismo ibérico e o consequente autismo louco contra os comunistas "que comiam crianças e queimavam igrejas", a PVDE - um embrião do que se tornou depois PIDE e os seus métodos para atingir os fins, são cenários percorridos pelo autor, tendo como pano de fundo o norte de Portugal e a espaços, Lisboa.
Acima de tudo uma história de amor maldito, mas não se fica por aqui, tornando-se bastante agradável de ler.

"Dorme Mãe Pátria, nula e postergada
E, se um sonho de esperança te surgir,
Não creias nele, porque tudo é nada,
E nunca vem aquilo que há-de vir."
Fernando Pessoa

sábado, agosto 22, 2009

Belas 21-08-2009

Aspecto parcial da área ardida

No meio do pavor, para resgatar um pastor e soltar os animais

Fase inicial do incêndio

Sei que é um conceito gasto, mas realmente o fogo é um dos elementos naturais que nos demonstra tão facilmente a nossa impotência e pequenez...
Por mero acaso, eu e um colega, deparámo-nos com uma coluna de fumo quando estavamos a regressar de um serviço. Daí a tornar-se dos episódios mais violentos e assustadores que me confrontei neste tipo de serviço, foi um instante.
A impotência, repito porque é mesmo disso que se trata, com que se tenta travar este monstro à solta, alimentado pelo vento, o desespero de quem teima em não abandonar a sua casa ameaçada, apesar das nossas instruções e da própria vida em perigo, faz-me revoltar contra o que ontem foi classificado como "algo intrigante" pois repete-se ano após ano no mesmo local.
Abram os olhos e vejam o óbvio por favor!

terça-feira, agosto 04, 2009

Memórias do tempo que passa...







Velho barco deixado à deriva nos areais de Cabanas de Tavira

sexta-feira, julho 31, 2009

Oportunidade perdida

Mais uma vez perdi a oportunidade, quiçá ultima, de ver e ouvir ao vivo um dos cantores que mais aprecio. Leonard Cohen deslocou-se ontem a Portugal para um segundo concerto no espaço de 1 ano. Novamente passou uma imagem profissional e charmosa de um Senhor cujo tempo e a idade só o tem refinado. Apesar de triste por não ter assistido fica aqui o registo para mais tarde recordar esta passagem. Dance me to the end of love...

terça-feira, julho 14, 2009

Livro de Cabeceira VIII


Agora que finalmente (espero), me vi livre do estudo, posso voltar a dar mais atenção ao espaço que ando a negligenciar. Dou-vos conta de mais um livro que andei a ler com longos intervalos - Diário de um skin – relato de um jornalista infiltrado no mundo nacional-socialista espanhol, todos os passos dados para ganhar a confiança dos seus “camaradas” até conseguir chegar ao grupo restrito da elite skinhead e aos seus pensadores.
Confesso que me surpreendeu pela positiva, pois esperava uma escrita sensacionalista e muito tendenciosa. Enganei-me e ainda bem, pois o jornalismo de investigação ficou a ganhar com este livro.
Retrata a forma odiosa como os jovens “soldados NS” são treinados e incentivados a seguir os líderes, mas assumindo que a humanidade existe dentro desses jovens, crentes numa missão, num objectivo, por mais distorcido que ele seja pelas cabeças pensantes que os utilizam sem escrúpulos…para eles é uma missão e como soldados que assumem ser, as missões não se questionam!
A ler.

quinta-feira, junho 18, 2009

Livro de Cabeceira VII


Depois de uma semana a queimar a pouca inteligência que reside em mim por causa dos exames, escrevo estas linhas para apresentar um livro, que pela minha repetitividade, já devem estar fartos dele - Comboio Nocturno para Lisboa. Mesmo correndo esse risco eu escrevo porque foi um dos livros que mais me marcou nos últimos tempos.

A história? Em traços largos, tudo começa numa manhã chuvosa em Berna. Uma mulher tenta saltar da ponte no centro da cidade e Raimund Gregorius, um professor de Grego e Latim, com uma vida enfadonha, evita o acto de suicidio e surpreende-se com a sonoridade de uma palavra proferida pela mulher: "Português", quando este lhe pergunta que lingua fala.

A partir daqui e da aquisição por mero acaso, de um livro de um médico português membro da resistência ao Estado Novo, toda a vida daquele professor muda, vendo-se de um momento para o outro no comboio para Lisboa, uma cidade desconhecida.

Um livro que retrata a Lisboa de hoje e a de outros tempos, a vida questionada pelo médico do passado e pelo professor do presente, que deseja respirar os mesmos ambientes, conhecer as mesmas pessoas que o homem que lhe mudou o rumo com as questões que colocou. Uma descoberta da própria vida pelas mãos de outro, morto 30 anos antes.

Figura brilhante desde a infância, Amadeu Prado, o nome do médico, caiu em desgraça perante a população que tratava muitas vezes gratuitamente, por salvar a vida do chefe da PIDE.

A partir dessa data envolve-se numa espiral de auto-destruição e pensamentos vertiginosos, vindo a tornar-se resistente ao regime de Salazar para expiação do pecado cometido com o chefe da PIDE.

Este livro já vendeu milhões de exemplares por toda a Europa, criando uma expressão idiomática com o próprio titulo do livro - Comboio Nocturno para Lisboa - passou a ser um sinónimo para quem quer mudar de vida radicalmente, trazendo milhares de turistas a Lisboa em busca de Amadeu Prado.

O autor, Pascal Mercier - pseudónimo literário do filósofo Peter Bieri, explica a escolha de Lisboa como palco do romance por ser uma cidade com ares do século XIX, com uma cultura muito própria e por Salazar - "não era como Hitler ou Mussolini, era inteligente e culto, de uma brutalidade subtil e perigosamente encantador". Este filósofo apaixonado por Pessoa, acaba por escrever um Livro do Desassossego com as palavras de Amadeu Prado. Com apontamentos simplesmente brilhantes...

sábado, junho 13, 2009

"Intimidade Imperiosa"


Mais um excerto do livro que ameaça tornar-se uma leitura recorrente: "Na intimidade estamos entrelaçados um no outro, e os laços invisíveis são como correntes libertadoras. Esse entrelaçamento é imperioso: exige exclusividade. Partilhar é atraiçoar. Mas nós não gostamos, amamos e tocamos apenas uma única pessoa. O que fazer então? Gerir as várias formas de intimidade? Impor uma contabilidade pedante sobre os temas, palavras e gestos? Sobre o saber e lugares comuns? Seria um veneno a pingar silenciosamente, gota a gota..." in Comboio Nocturno para Lisboa

segunda-feira, junho 08, 2009

Fragmentos da costa alentejana

Lapa da Pombas - Almograve

Rochedo com ninhos de cegonhas - entre a Zambujeira e a
Entrada da Barca (porto de pesca artesanal)

Um dos ninhos

Pormenor geológico na Entrada da Barca

quinta-feira, junho 04, 2009

1997-2009

Pumba da Casa do Lameiro
Nascido a 22 de Novembro de 1997 - Falecido a 03 de Junho de 2009
Filho de Mayflower dos Sete Moinhos e de Anita do Vale de Amorim.
Obrigado cão maluco por estes quase 12 anos de cãopanhia, muita patetice e teimosia, simplesmente obrigado...
(Vou pensar em ti nos relvados de Monserrate, onde chegaste a correr feliz)

sábado, maio 30, 2009

Pausa

A bem da (pouca) sanidade mental que ainda me resta e para manter activos os parcos fusíveis que habitam esta caixa devoluta que carrego em cima dos ombros, vou uma semana (!) de vacanças.
Só não sei é para onde, mas onde quer que seja, mete uma casa de pano e mochilas às costas...A pobreza tem destas maravilhas, permite-nos aproveitar a natureza.
Beijos, abraços e coisas fofas!
(vou tentar tirar uns retratos por onde andar)

sábado, maio 23, 2009

Comboio Nocturno...

Correndo o sério risco de me tornar repetitivo e chato, este livro tem mesmo muitos excertos que me tocam e por isso os coloco aqui:
"Um funeral é coisa dos outros; o morto nada tem a ver com isso." in Comboio Nocturno para Lisboa

segunda-feira, maio 18, 2009

...e em silenciosa veneração seguro-me a um fragmento de ti, um pequeno pedaço de nada e esboço um timido sorriso...

sexta-feira, maio 15, 2009

Dimensões

O tamanho de um ser humano é tão relativo...

domingo, maio 10, 2009

"Os nomes são as sombras invisiveis com as quais os outros nos vestem, e nós a eles..." in Comboio Nocturno para Lisboa

quinta-feira, abril 30, 2009

Sob a luz nocturna

O doce sussurrar que envolve o teu corpo
Enleia os pensamentos, faz-te lutar
Um sopro de veneno ténue contraria a vontade
A vontade de te libertar.
O olhar que rasga o fino véu do preconceito
E despe-te do pudor sob a luz nocturna de inverno

…Arrepia-te um murmúrio meu?

sábado, abril 25, 2009

Livro de Cabeceira VI

Um pequeno Livro do muito conhecido Paul Auster, de apenas 115 páginas, que nos retrata o dia de um velho amnésico fechado num quarto, vigiado por câmaras e microfones, fortemente medicado, sem memória de como ou porquê ali se encontra, visitado por vários personagens que nos dão a entender que fazem parte da sua vida anterior.
Para uns uma alegoria dos tempos conturbados e dementes da política americana do período Bush, com o personagem principal, Mr. Blank - senhor vazio, a ser testado e torturado incessantemente pelo seu passado obscuro e maldito.
O final deixa-nos algo preplexos, mas dá a oportunidade ao leitor de tal como Mr. Blank, continuar a reescrever a sua história a partir do pouco que se recorda de si mesmo...interessante q.b.

quinta-feira, abril 09, 2009

Regresso à natureza

...Assim foi. Tinha saudades de estar num local de natureza profunda e quase selvagem, de sentir o cheiro da terra e do mato.Já não ia ao Gerês faz muito tempo, demasiado mesmo, tendo em conta o quanto gosto daquelas paisagens.
É bom saber que existem espaços naturais onde podemos visitar um mosteiro em ruínas do séc. XII, num cenário retirado de um qualquer romance medieval (Pitões das Júnias), passear por quilometros de bosque intocado de carvalhos, betulas e castanheiros (Mata da Albergaria), apreciar em silêncio o tumulo de água que sepultou uma aldeia inteira por vontades dos senhores de Lisboa, construindo uma barragem, mas mesmo assim sentir o pulsar e o orgulho de quem lá viveu (Vilarinho das Furnas) ou fazer um percurso a pé de 12 quilometros por escarpas e penedos e chegar ao que os locais chamam de cidade de Calcedónia, um imponente conjunto de rochedos e àrvores mágicas carregadas de misticismo, que nos fazem relembrar a nossa pequenez relativamente ao mundo onde nos encontramos.
Será um até breve porque fiquei ainda com mais vontade de voltar a absorver tudo o que ali nos é oferecido...

Mosteiro de Pitões das Júnias

Mata da Albergaria

Vilarinho das Furnas

Recanto em Calcedónia

Parte do trilho descendente de Calcedónia

sábado, abril 04, 2009

Férias

nome feminino
1.dia de semana
2.salário semanal do operário
3.rol, lista desses salários
4.[plural] dias feriados em que se suspendem os trabalhos oficiais
5.[plural] determinado número de dias consecutivos, destinados ao descanso de trabalhadores ou estudantes
6.[plural] figurado descanso (Do lat. ferìa-, «dia de festa»)

Até breve...

domingo, março 29, 2009

Livro de Cabeceira V


O escritor Japonês Haruki Murakami é, aparentemente, um escritor de culto.
Eu não conhecia a sua obra, mas após a leitura deste "After Dark - Os Passageiros da Noite" começo a compreender a aura que o envolve.
Um livro sobre uma noite banal de pessoas anónimas que se cruzam nos bares e ruas de Tóquio, por escassas horas nocturnas, as suas vidas tocam-se e a história contada deixa desvendar e perceber que, por mais banais que sejamos, todos temos um lado escuro, um lugar escondido dentro de nós, por vezes tão escondido que nem nos apercebemos de o ter...

domingo, março 22, 2009

Ventos Animais

Noite de 21 de Março de 2009, Teatro Cine de Torres Vedras - Um espaço dos anos 20 do século passado, recentemente (bem) recuperado acolheu Mão Morta e o seu novo espectáculo - Ventos Animais. Com a casa bastante composta, cerca de 400 pessoas, assistiu-se a uma incursão em todo o historial desta banda de Braga, desfilando 21 temas da sua longa carreira. A vantagem de salas como esta é sem duvida permitir uma grande proximidade entre os artistas e o público, gerando uma comunhão e um ambiente descontraído onde se dispensam seguranças na frente de palco (bastava subir 3 ou 4 degraus e estava-se lá).
Adolfo, um visionário aguerrido, entra várias vezes numa espécie de transe enquanto declama os impressionantes poemas de dor que preenchem as letras dos Mão Morta.
O facto de tocarem ao vivo menos vezes do que poderiam facilmente fazer, torna estes encontros com os seus seguidores, algo de raro e quase mítico...Continuem, apesar de velhos, como disse sentir-se Adolfo, encharcado em suor, ao pedir paciência e compreensão, após um regresso não previsto ao palco.

Alinhamento do espectáculo: Ventos Animais; Budapeste; As Tetas da Alienação; E se Depois; Arrastando o seu Cadáver; Tu Disseste; É um Jogo; Gnoma; Em Directo para a Teelvisão; Amsterdão; Penso que Penso; Barcelona; 1.º de Novembro; Quero Morder-te as Mãos; Vamos Fugir; Lisboa; Cão da Morte. Encore: Anjos de Pureza; Charles Manson; Anarquista Duval. Tema a pedido de várias familias: Oub'lá.

(Conseguiu-se sacar o alinhamento devidamente autografado bem como cartaz do concerto)

terça-feira, março 17, 2009

Valsa

Dança comigo esta valsa,
Rodopia e sente o torpor ébrio das notas vãs
Entrega-te a este prazer proibido
Da dança oculta e estonteante
Dos corpos gastos e cansados, viciados de si
Sente o néctar que consuma a aliança
E repousa por fim…

Diz-me que sim…

domingo, março 15, 2009

Livro de Cabeceira IV


Mais uma vez, desta com atraso, dou conta do livro que li nos últimos tempos: Levantado do Chão de José Saramago.
Antes de mais tenho a confessar a existência de um preconceito para com o autor, criado pela discordância política e alguma animosidade pela figura de Saramago como ser humano...simplesmente não simpatizo com...
Mas em boa hora decidi arriscar a leitura de uma obra deste autor e reconheço-lhe sem duvida, uma forma única de escrever e uma prosa dificil de largar.
A história deste romance de 1980 retrata a vida (sobre)vivida dos camponeses alentejanos e o trabalho quase escravo ao longo do século XX, terminando no pós 25 de Abril de 1974, com a euforia dos sonhos e a queda de tantos outros que, como sabemos, não passaram de utopias da mente de quem nada permitem e tudo quer.
Apesar da forte e óbvia conotação de esquerda, é um livro duro, em alguns trechos mesmo crú, sem romantizar em excesso os personagens, relatando situações que nos nossos dias parecem saídas de uma fantasia de mau gosto.
Prometo ler na totalidade o livro que aborda a Mafra do meu coração e que por desleixo adolescente nunca li na totalidade: Memorial do Convento.
Fica a promessa para mim mesmo...