sexta-feira, novembro 30, 2007

A guarda dos tempos

Pálida e bela... ela permanece coroada com folhas, aquela que reúne todas as coisas mortais, com mãos frias e imortais. Os seus lábios lânguidos são mais doces do que o amor de quem a teme. Ela habita-nos a todos desde tempos e terras muito antigos.
Guarda-me no teu vaso sagrado, aquele que esconde os segredos do mundo e deixa-me repousar o corpo profano enquanto espero pelo passar das eras...

quarta-feira, novembro 28, 2007


...Poetas da Dor e do Prazer...

sábado, novembro 17, 2007

Caminhada de mistérios


..Procura, entre a névoa, a alma por assumir
Procura na penumbra o princípio do ser
Alimenta-te do etéreo mundo em que deambulamos
E renova as energias místicas que permitem
A subida ao divino altar dos Deuses perdidos
E de mistérios esquecidos…

quinta-feira, novembro 08, 2007

Exorcismos

Entras numa igreja…
Sentes o ar frio ligeiramente incensado
A mistura da vela queimada com o defumador
Sentas-te num dos últimos bancos corridos
Fechas os olhos e respiras fundo…
Absorve o silêncio apenas violentado pela
Ladainha de duas ou três devotas em fim de vida
Deixa-se morrer para o mundo exterior e queda-se
Numa hipnose letárgica e mística…

Quem dera ter o poder do exorcismo,
Praticá-lo no interior, para fugir a medos
Fantasmas que teimam em aparecer,
Ano após ano, vida após vida
Sempre sem cessar a maldição
tal sorte ou tal azar…

terça-feira, novembro 06, 2007

Labirintos de sonhos

"Na sua face escura o labirinto é, pois, infernal, confuso, desintegrador,
caótico e sem número (...). Mas na sua face luminosa (que é a mesma, mas iluminada),
o labirinto aparece como um transformador, que revela ao iniciado a figura escondida do mundo, a matriz divina dos números, os ângulos – ou anjos – da sua geometria sagrada."

Lima de Freitas, em «Das geometrias labirínticas»

"Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada."
em «Eros e Psique», de Fernando Pessoa

Dizem os entendidos que ambos os textos foram escritos tendo em mente os Jardins da Pena em Sintra...e eu que os conheço, acredito...

sexta-feira, novembro 02, 2007

Pão por (qualquer) Deus

Ontem, dia 1 acordei em sobressalto com o ladrar dos cães...
Resolvi levantar-me e ver qual a razão de tanto sobressalto canino de madrugada (eram 08h30).
Apercebi-me que uma tradição há muito perdida nas cidades ainda vive nesta aldeia.
O Pão por Deus - assim se chama às hordas de crianças de saco do pão de pano ou outro qualquer que vão de casa em casa tocar às campainhas e pedir o "pão" que neste caso é trocado de boa vontade por toda a espécie de doces e guloseimas imagináveis.
Confesso que não sou donatário destes dias (que vergonha, eu sei), mas acho piada que esta versão mais antiga de um "trick or treat" lusitano e matinal se mantenha.
A origem segundo alguns é dos tempos do trabalho das colheitas não remunerado em que os senhores das terras pretendiam com esta acção pagar os favores aos trabalhadores no inicio do Inverno, proporcionando-lhes um dia de algum conforto e fartura alimentar.
Simboliza também a solidariedade social, a luta pela subsistência existente e a partilha.
Em pequeno cheguei várias vezes a sair com grupos de amigos da escola primária em demanda dos desejados doces pelas ruas de Mafra e cada vez que os vejo sinto uma nostalgia que merece ser divulgada...
Por fim, sou por natureza e por convicção um defensor das tradições Portuguesas que tem mais valor do que a invasão americanizada do Halloween das bruxinhas e das partidas. Perdoem-me os seguidores dessa moda...cada um gosta do que gosta.