domingo, setembro 28, 2008

Opus Magnum

Queria parar o mundo
A forma imutável como gira
Queria parar…só por momentos
O respirar do corpo que ocupo
Suster o avançar da ditosa obra
De um deus que não pede opinião
Queria congelar o tempo
Ver-me de fora, como se olhasse
Para outro, que não sou eu.
Olhar com a curiosidade distante
Possível a quem não sente
E no fim…no fim, se (me) reprovar
Ousar o papel divino
Prolongar essa apneia eternamente.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Fauna rara

Sempre tive um fascínio por bosques e matas, natureza em geral e foi a primeira vez da minha vida que, em território nacional me cruzei com um esquilo em estado selvagem (os de monsanto não contam porque foram lá colocados). Nem fazia ideia que ainda existiam animais destes nas nossas florestas.

"A gente não lê"

Esta letra cantada por uma senhora de nome Isabel Silvestre, conhecida por colaborar com os GNR na "Pronúncia do Norte", é das que para mim, melhor traduz o nosso país rural, profundo e não obrigatoriamente inculto. São conhecimentos igualmente válidos, que se passam de geração em geração, de boca em boca, com o calo do tempo que vai comprovando que nem só o que se traduz em letras é importante.
Sinto neste texto a força do povo esquecido e escondido, aquele que muitas vezes nos guarda as tradições, quase apenas por orgulho e teimosia...
"Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão
Rogar a deus que nos guarde
Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialecto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais
E do resto entender mal
Soletrar, assinar de cruz
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por trás da luz
Ai senhor das furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de leziria
De boca em boca passar o saber
Com os provérbios que ficam na gíria
De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira
Carregar a superstição
De ser pequeno, ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem"

quinta-feira, setembro 11, 2008

Obrigado!

É sempre agradável para quem se mete nestas andanças dos blogs, livejournals e afins chegar a números redondos de visitantes.
Seja por se gostar, se detestar ou, por mero engano aqui vieram parar, hoje este pseudo-diário chegou às 10.000 visitas.
Agradeço a todos os que por cá passam, passaram e até aos que juraram nunca mais cá voltar.
Ando um pouco apagado deste mundo, mas assim que puder regresso com mais força, vontade e inspiração (?).
Obrigado a todos!

terça-feira, setembro 02, 2008

Insaciada


"...Amor, sensuália, que filtro através do meu espírito de requinte e morre nostálgica de beleza…
E para quê, para quê esta angústia que eu não sei dizer e que só a minha alma doente de beleza compreende e sofre?!
Ai, a minha carne terá de gritar eternamente!... e todo esse clamor terá de passar através do meu espírito faminto…insaciado!
…E sempre o mesmo tédio a fartar-me, a vencer-me!"


de "Satânia" - Judith Teixeira