terça-feira, dezembro 30, 2014

Toma-me nos braços


imagem de Tomoky Hayasaka - Fever by you (Death is the flight of freedom)

Toma-me nos braços e guarda-me o corpo cansado...
Protege-me de tudo, resguarda-me do mal...

quinta-feira, dezembro 04, 2014

Podes ter os amores que quiseres


 
"Podes dizer que me não amas,

sim, podes dizê-lo,

e o mundo acreditar,

porque só eu saberei

que mentes!

Eu estou na tua alma

como a flama

que devora sob a cinza

as brasas dormentes...
 
Não creias no remorso

- o remorso não existe!

O que tu sentes

e o que em ti subsiste,

são o rubor da minha ternura

e a chama do meu amor

que em ti

nunca foram ausentes!...

Não julgues, não, que me esqueceste,

porque mentes a ti mesmo

se o disseres…

Podes ter os amores que quiseres,

que o teu amor por mim,

como uma dor latente e compungida,

há-de acompanhar sempre

a tua e a minha vida!"


Judith Teixeira


sábado, novembro 29, 2014

Se tudo quanto disseste




"Se tudo quanto disseste,
- E foram quatro palavras!
Foi tudo quanto sentiste,
Então...,
Porque estranhas
Que eu fique triste?
Podias ter tido pena –
Desta ilusão
Que era a maior e a mais bela
De quantas pude sentir!
Sim, podias ter mentido,
E era tão fácil mentir!
Tentei beijar-te? – perdoa;
Arranjavas um pretexto:
«Agora, não..., outro dia!...»
E eu ficava-me contente!,
- Se eras tu,
A tua boca, os teus olhos,
- Se eras tu quem me mentia!"

António Botto

Superação



"Tens de ser forte, pois és mais que humano, triste como o universo, lindo como o suicídio..."

Conde de Lautréamont - Contos de Maldoror


quarta-feira, novembro 19, 2014

deixa...


A leaving feeling...

terça-feira, novembro 11, 2014

Ossos do Oficio

 
Vinhas pela estrada
Alguém te pergunta de onde vens,
Venho do nada, vou para o nada
A raiva corre-te nas faces,
Em forma de lágrima,
que destila o ódio,
que arranca a dor,
Chamem-me Louco, pobre louco
Chamem-me o que quiserem,
Eu nada ouço, eu não existo fora do meu corpo.
 
Vinhas por aí ao anoitecer,
Corrias feito louco pelo mato,
qual lobisomem enfeitiçado pela Lua
que cresce lentamente por cima de ti.
Vinhas... corrias... matavas.
 
Matavas-te em pequenas doses
Insanidade de luxuria,
E sorrias demente,
Ignorando o parasita que te devora
Lentamente o interior.
 
Mataste novamente,
Esse sufoco em ti
Apenas apazigua com o sangue anónimo
O sangue ainda quente das entranhas alheias
O esgar de dor e piedade naquele ultimo estertor
Nem te fazem vacilar, apenas mais uma morte
Apenas menos um vivo a incomodar.
Ossos do oficio, pensas para ti...
 
Voltas pela estrada,
Alguém te pergunta para onde vais,
Vou para o nada, vim do nada
E o sorriso macabro invadiu-te a face,
Já na penumbra do cipreste onde o corvo te espreita.

sexta-feira, outubro 31, 2014

Glorioso Samhain para todos...


Albrecht Dürer - Bruxa monta para trás numa cabra

quinta-feira, outubro 30, 2014

Sonhos encarcerados



Sonho contigo, vivo em ti, 
Num armário escondido do mundo,
Poeira cobre-me o corpo,
A inércia tolda-me o movimento,
Entorpece-me a alma, 
mas...
Vivo contigo.

Vivo em ti, suspenso no éter,
Vivo por ti, maravilhoso nada.
Respiro o bafio onde me guardas,
Sem vislumbre do astro rei,
Sem ordem para olhar o disco lunar,
Mas feliz por (r)existir

Vivo em ti.


domingo, outubro 26, 2014

Livro de Cabeceira XXIII


Este já foi o meu livro de Cabeceira de uns tempos atrás, mas por razões diversas (que nada têm que ver com o mesmo) nunca tinha escrito sobre ele.
Para mim teria sempre de ser um titulo obrigatório. Por várias razões: Foi escrito por um colega de escola, alguém de quem guardo respeito e admiração e por versar diversos temas que me agradam como sabe quem me conhece.
O Luís Corredoura conseguiu neste seu primeiro manuscrito a ver a luz dos dias, captar a minha atenção e maior admiração pela forma como descreveu esta quase realidade histórica; partiu do pressuposto que os planos existentes para invasão de Portugal pelo III Reich tinham seguido em frente e que Hitler iniciava uma demanda em busca de tesouros sagrados quiçá escondidos em território Luso.
Ora, ambas as situações eram possíveis de ter sucedido, pois os planos realmente existiram e só não foram avante porque a história da II Guerra Mundial não correu de feição para a Alemanha Nazi e os mitos sobre um tesouro templário, Graal ou não, depositado em território nacional também existem há longos tempos, com base real ou não...
Outro dos pontos favoráveis é que muitos dos locais onde a acção decorre são conhecidos deste que vos escreve, outros desconhecidos até então passaram a fazer parte das minhas visitas com a preciosa ajuda do autor deste livro.
Face ao anteriormente descrito só poderei recomendar a leitura deste "Nome de Código Portograal"...

segunda-feira, outubro 20, 2014

Por Madrid...

 
Edifício Metrópolis - Gran Via


Ministério da Agricultura
 

 
Casa América - Pormenor

 
Igreja do Cemitério de La Almudena

 
Pormenor nas Ruas

 
Anjo Caído - Parque Del Retiro
 
Foram apenas 4 dias...
Quatro dias que dariam lugar a outros tantos se possível fosse. Madrid encanta e não cansa. Demasiados pormenores para ter em atenção, muitas estórias para explorar.
Era realmente uma falha, não conhecer a capital do país vizinho. Madrid visita-se facilmente, é plano, tem uma excelente rede de metro e as pessoas são acessíveis.
Museus de qualidade mundial, ruas interessantes, arquitectura imponente e uma vida nocturna apetecível fazem da Capital do reino Espanhol uma cidade a repetir.
Deixo-vos aqui algumas fotografias recolhidas nas voltas dadas naqueles dias. Outras tantas podiam ser mostradas, tal é a quantidade de objectos de interesse.
O edifício Metrópolis, um ícone da cidade, do inicio do século XX , a sede do ministério da agricultura no Palácio Fomento com a sua fachada monumental, a Casa América com um pequeno jardim e pormenores interessantes e a estátua do Anjo Caído no Parque Del Retiro, uma das duas esculturas conhecidas no mundo que retratam Lucifer, são apenas alguns destaques que aqui deixo.
Madrid encanta e vicia. Ficaram como frustração a visita que tinha planeado a alguns edifícios abandonados, que se encontram encerrados, longe das objectivas curiosas de um turista português. Mas hão-de vir novas visitas, novas explorações e novas descobertas certamente.
Até à próxima Madrid...
 


quarta-feira, setembro 17, 2014

(Re)volta

 
O sol fraco de Setembro já pouco aquece as almas enfraquecidas,
As nuvens correm depressa sobre o céu de chumbo de um Outono precoce
Aumentando a melancolia dos dias que passam sem que sequer demos conta
Sem que respiremos cada precioso minuto de vida...um minuto de vida.
Agonizamos face à marcha intempestiva do tempo, marcial, automática e fria.
Não dá tréguas, não existe uma pausa sequer para poder pensar e ponderar,
Avança, avança sem pudor e sem receio de nada nem ninguém.
Abalroa tudo e todos, remete-nos a uma insignificância de sobrevivência
Fere e sangra, dilacerando e corroendo como parasita que se alimenta
do sofrimento alheio...
 
Saudades de caminhar por entre bosques encantados, de sentir o frio humido
Que faz renascer e querer respirar mais, os doces silêncios da deusa mãe
Sentir de perto os espíritos animais, simples nas suas vontades e tão libertadores
Adormecer com o piar da coruja e com o uivar do lobo longínquo que nos preenche
 
Quero voltar a sentir as coisas simples da vida,
O amago da existência e nao ter medo de nada...


sábado, agosto 30, 2014

Cidade dos mortos


Hoje vejo as ruas desertas da tua última morada
O silêncio pacificador do mármore comido pelo tempo
Entre o chilrear de seres alados que te guardam
Um ou outro gato vagueia entre túmulos

Ali sinto-me em paz,
Consigo ouvir-te e sentir-te tranquilamente
Deito-me sobre a tua cama de pedra
E choro por ti…

Um choro não de raiva
Não de tristeza
Mas de partilha e alivio
Por te sentir em paz
Por estares comigo
Por pertencer-te.

O murmúrio da cidade extra muros
Causa um estranho efeito de cápsula do tempo
Lá fora tudo avança, aqui o mundo cessa…

Na cidade dos mortos as horas passam devagar…

terça-feira, julho 15, 2014

Até onde o mundo perdurar...


Fiel aos princípios,
Como fogo persistente na névoa fria,
Ventre materno de pedra e pó
transporta-nos para outros mundos.
 
Forças extraordinárias,
Duras provas eternas
A noite não assusta
O sol não queima.
 
Lobo só e sagrado
Deus na sombra
Profano ser de penumbra
Uiva à Lua sempre presente.
 
Veado de bramido profundo
Ecoas pelas serranias
Saltas livre por vales esquecidos
Até onde o mundo perdurar.

sábado, julho 05, 2014

Respira


Respira...
Absorve cada momento rarefeito,
Cada olhar que se cruza
Cada sentimento que resta...

Descreve-me a sensação,
Os odores, as memórias sensoriais
O toque fortuito, a pele electrizante
A química calada.

Revela-te a mim,
Não escondas mais, 
Nada nos resta depois,
Depois do abandono do casulo físico
Que nos abriga no mundo...

Depois disso,
Nada nos resta, 
Afinal,
Só vives uma vez...

sexta-feira, junho 06, 2014

...Por vezes

 
Por vezes dá-me vontade.
Dá-me vontade de estourar.
 Fazer uma razia nas vontades
De matar por dentro
Deixar de ser
Ser mais um
 
Apenas mais um...
 
Por vezes mata-se
Mata-se a dor
Mata-se o desejo
Mata-se por matar
Morre-se por morrer
 
Nada mais,
Nada menos
Apenas nada.
 
Por vezes queria o vazio
O absoluto vácuo
O eterno repouso
O dormente viver
 
Por vezes desejava nada desejar
Adormecer sem sentidos
Acordar no limbo
Ser cinzento e um no rebanho
Ser nada de nada
Por vezes sim...
 
Maldita sede
Maldita fome
Maldito sentir
 
Por vezes... só o nada.

sexta-feira, maio 23, 2014

Não digas nada



"Não digas nada, dá-me só a mão. Palavra de honra que não é preciso dizer nada, a mão chega. Parece-te estranho que a mão chegue, não é, mas chega. Se calhar sou uma pessoa carente. Se calhar nem sequer sou carente, sou só parvo."
António Lobo Antunes

quinta-feira, maio 22, 2014

Tu..



Dá-me o que podes...
Dar-te-ei o que não imaginas.
 
Sente a brisa marítima a queimar-te a face
O sal do oceano a fundir-se com o das lágrimas
Escorrem ambos pelo teu peito...
 
O zodíaco estrelado no céu olha por ti,
O longínquo murmúrio das arvores
Como orquestra de medos e mitos
 
Nas alturas da serrania ocidental
Enquanto a aurora não desperta
Vives e sofres em silêncio
 
Absorve a natura selvagem
Refugia-te nas sombras do profano
Adora o sagrado que se eleva no horizonte
 
Solta o urro dos Deuses
Purifica-te...
 
Desce à terra,
Ao amago da mãe,
isola-te de tudo,
Liberta-te do fardo mundano
e celebra o novo eu...
 
És novo... és outro... És tu! 
 
 

terça-feira, abril 29, 2014

Razão?


Voltas e revoltas,
Inúmeras valsas de gente solitária
danças a um, em volta de outro
Beijos quase roubados,
Corpos que se prometem em surdina
Que se proíbem constantemente
Num carrossel de emoções
Numa montanha russa de sentimento
A razão que vence a insanidade
 
Até quando?
 
Deixa-te enlear na teia dos sentidos
Entrega-te ao doce veneno do zéfiro
que teima em sussurrar-te ao ouvido
palavras proibidas de desejo e loucura
 
Deixa-te embriagar no éter,
na promessa do carnal,
nas línguas que se cruzam
e humedecem os doces lábios
do vinho doce e velho...
 
Solta-te... vive!
Ou morre aos poucos... hiberna...

quinta-feira, abril 17, 2014

Livros dos desassossegos...




"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir..."
 
Bernardo Soares

segunda-feira, abril 07, 2014

Os anjos também se abatem

 
Tal como os seres mortais,
Também os anjos se abatem,
Também eles caem em desgraça,
Como tu, como eu...
 
Enleia-te no doce sabor do pecado,
Na tortura do proibido
Roça-te na carne quente e húmida
Ouve o sussurro do demónio que te tenta...
 
Anjo caído por terra,
Na sujidade das palavras mortais
Acorrentado pelo prazer visceral
Que não te deixam voar para longe
 
Rasteja, rasteja até à fonte de prazer
Aquele prazer que finges não querer,
Que finges não sentir,
Mas que desejas secretamente
No silêncio da noite, no escuro,
Enquanto Morfeu teima em não aparecer  

sexta-feira, abril 04, 2014

Despojos dos dias...



São restos de felicidade,
Despojos de dias alegres.
Esqueletos de outrora,
Risos passados,
Brisas agradáveis de tempos idos...
 
Passeios em família que já não existem
Corridas entre canais há muito esquecidas
 
São despojos... restos... esqueletos
São nadas que foram tanto.

quinta-feira, abril 03, 2014

Destino




                                                "Awakening the moon - Mark Ryden"


As inconstâncias do ser são como espadas afiadas que nos tolhem de surpresa,

Chicotes que nos surpreendem a cada dia, que nos vergastam a carne já curtida do passar dos tempos

Qualquer tentativa de previsibilidade deixa-nos desarmados,
O certo é incerto, o garantido foge-nos entre os dedos,
Tal como a terra escura que nos suja as mãos ao tentarmos abrir uma cova funda
 Onde nos enterrar e desaparecer para sempre…

Mais uma vez o destino troca-nos as voltas,
Faz-nos sentir o vórtice da náusea e desorienta-nos os objectivos.

Tal destino, tal vómito dos deuses, mereço-o?

Talvez sim… Talvez não…
A verdade é que nada mais me resta senão lutar contra ele!

terça-feira, março 18, 2014

Valquíria 18JAN12-18MAR14


Apareceste-nos na vida por acaso... ao irmos ver-te pela primeira vez não te resistimos e tornaste-te a nossa companheira de passeios e de muitas maluquices. Adoptamos-te com todo o amor que se pode dar a uma cãopanheira e até quando estiveste às portas da morte por comeres o que não devias, demos tudo o que tínhamos para te salvar...
Merda de injustiça que nos levas tão depressa, choque de te perder assim... de te retirar do meio da estrada sem pareceres tu... adoro-te cadela maluca! Serás sempre a minha bebé linda.
Não sei explicar a dor e a revolta que sinto enquanto escrevo, não é fácil, parece que estou sempre à espera que entres pela porta da sala e vás ocupar a tua cama... Dói!
Dói muito... Não consigo explicar a dor, mas é muita mesmo...
Espero que esteja naqueles prados verdes à beira do ribeiro onde te fotografámos a semana passada e sejas feliz, muito feliz, tanto quanto nos fizeste felizes...adoro-te linda!

sexta-feira, janeiro 31, 2014

Mar revolto


Como vagas do mesmo mar

Umas vezes revolto e tempestuoso,

Outras chão como rio que corre adormecido

Cedes e retiras,

Acalmas para depois incendiar…

Tal como na natureza pura,

Os movimentos perpétuos mas indefinidos causam erosão,

Comem por dentro e fazem-nos desmoronar,

Desfazem-nos lentamente

Corroem-nos as bases e tombam-nos


Sorte a das terras longínquas do mar,

Que não sofrem tal martírio

Que não sentem o bater incerto da revolta

A dor de quem não sabe o que esperar

A mágoa do ser que prefere hibernar a sofrer…



quinta-feira, janeiro 16, 2014

 
 
"Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho."

quinta-feira, janeiro 09, 2014

Retorno cíclico


 
Por caminhos esquecidos
Ancestrais mestres há muito perdidos
Ainda se ouvem ao longe
Entre o sussurro das árvores
acariciadas pelo vento gélido
que teima em despi-las
 
As cores mágicas da mãe
Findo o ciclo vital
Enleiam-nos a alma
Rodeiam-nos e envolvem
Cada pedaço de nós
Fazendo-nos pertencer
Fazendo-nos ser
 
Voltamos ao nosso âmago
Retornamos às origens
Seremos novamente,
Se nos entregarmos...