sexta-feira, outubro 30, 2009

Druídas

Este foi mais um dos trilhos que fiz durante a estada na Peneda.
Partindo da aldeia de Tibo, inicia-se a descida ao vale do rio Pomba, uma das fronteiras naturais entre Portugal e a Galiza. O vale já de si tem uma paisagem bastante agradável, mas o mais surpreendente é o que se esconde a cerca de 4 quilometros da aldeia...



Vale do Rio Pomba

Simplesmente aproveitar os sons da natureza...
Chegando à margem do rio, encontra-se uma clareira rodeada de carvalhos. Esta clareira tem diversos vestigios de utilização continuada, com a existência de vários locais de fogueiras, mas tudo muito limpo, sem qualquer lixo ou corpo estranho à natureza.
Nesta clareira acampam regularmente estudantes vindos da (ainda) distante Universidade de Santiago de Compostela, que aqui vêm propositadamente para iniciar "irmãos" na mística druídica, na comunhão com a natureza e com a magia milenar das coisas simples.
Este local guarda em si mesmo duas das entidades mais importantes para os seguidores da ancestral cultura druídica: é rodeado de Carvalhos, a árvore da sabedoria e da cultura por excelência para os celtas - o termo Druída provém da lingua celta e traduz-se como "aquele(a) que tem o conhecimento do carvalho"; encontra-se à beira rio, ou seja, junto à fonte de toda a vida, a Água. Esta feliz coincidência, cedo chamou a atenção de amantes desta crença.



Clareira dos Druídas

Após passar esta clareira iniciática e com uma forte mistica, chega-se, depois de passar pelo interior de uma rocha, ao local conhecido como a piscina dos druídas, várias lagoas formadas pelo rio, de uma pureza dificil de imaginar hoje em dia, onde existem pelo menos dois símbolos gravados na pedra ali deixados por antepassados, uma cruz templária e um peixe (símbolo dos primeiros cristãos). Se outros indícios não existissem, estes eram fortes o suficiente para me deixar com a suspeita que este local é utilizado para rituais iniciáticos e "baptismos" pré-cristãos.


Passagem para a piscina dos Druídas




cruz gravada na rocha



peixe gravado (o angulo não é o melhor, mas não me apeteceu ir ao banho)

Apesar de distar apenas 4 quilometros da aldeia, este local é bastante isolado e resguardado de olhares alheios. A sua envolvente, água, pedras enormes, árvores centenárias e nobres decerto agradou quem segue os ritos da mãe natureza. O facto de com meia dúzia de passos por cima dos seixos, estarmos em território Galego, ou seja, uma fronteira natural e legal, potencia a zona como iniciática.

pormenor de uma das "piscinas"
Garanto-vos uma coisa, não foi a paisagem mais bonita que já vi, mas foi dos lugares mais místicos e pacificadores onde estive...

2 comentários:

Rubi disse...

Gostei muito e não podia ser mais apropriado à data.

Bom Samhain...

sérgio alcântara disse...

Obrigado...
Fico feliz por haver mais pessoas interessadas nas minhas "esquisitices":)