sábado, janeiro 26, 2008

Partes de mim...

Uma morte recente fez-me regressar e pensar no passado, o passado familiar, as raízes e origens que tantas vezes traçam o meu caminho e tantas outras esqueço de escrever, como sabiamente me alertaram…”para que a história não se apague..”
As memórias velhas de anos já longínquos para mim de férias na aldeia dos bisavôs maternos, da casa do fogo sempre aceso, verão ou Inverno, pois era o fogão dos simples, das noites à volta dele enrolados em estranhas histórias sobre a casa e sobre a quinta centenária onde trabalharam décadas, das capacidades indesejadas do bisavô, amaldiçoando passá-las para as filhas, das visões e experiências sussurradas em surdina pelos mais novos, sob o olhar de reprovação e tristeza do velhote, já cansado mas com o olhar vivo dos sábios homens da terra…
Recordo-me perfeitamente de uma noite em que tinha caído um temporal de verão e instalou-se um calor sufocante e húmido, olhar do quintal já escuro da casa para o cemitério da aldeia, ao longe e ver dezenas de pequenas luzes a brilhar por cima dos túmulos. A explicação científica que eram fogos-fátuos logicamente não entrou na cabeça de uma criança curiosa mas rodeada de histórias e factos estranhos para quem vinha da "cidade".
Recordo agora com carinho e saudade esses dias e essas noites de palavras e expressões estranhas que tanto puxavam pela minha imaginação.
Ao voltar aquela casa, agora vazia, aquele quintal abandonado, onde os frutos ainda teimam em nascer, confesso que as lágrimas escorreram, como se tivesse reencontrado uma parte de mim que sabia perdida mesmo sem dar conta…obrigado...

sábado, janeiro 19, 2008

Repouso eterno...

Às vezes, nas memórias difusas de tempos distantes, ainda recordo a floresta, os sons encantados dos dias, as fontes que correm atrás das pedras milenares, o bramir do rei veado cortejando a sua rainha, a brisa fresca que afaga o carvalho, suave e acariciadora de sonhos eróticos.
Sinto ainda nas veias, as noites gélidas e escuras, envoltas no medo animal que nos tolda a razão, que nos faz voltar à força primordial da besta, carnal, bruta e tão isenta de pecado.
As noites à fogueira, entoando litânias de desejos e ardores, tantas vezes silenciados, o extâse libertador da hipnose invocada.
Os senhores do sol e da lua numa interminável orgia de cumplicidade e poder, olham por ti ao longe, por trás do arvoredo sacro do Promontorium Ophiusae, terra de Serpes, recanto místico onde repouso e espero...

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Orgasmo de sabores

Como diriam os Monty Python, ”and now for something completely different…”

Chegou-nos hoje uma encomenda de chocolates quentes do Reino Unido. Importámos, porque infelizmente não sei de local nenhum onde se possam adquirir em Portugal, pelo menos nos locais que conheço.
Quando estivemos em Londres comprámos uns chás da marca Whittard of Chelsea confesso apenas por gostarmos das embalagens. Anos depois abriu na Ericeira um salão de chá onde vendiam os chocolates quentes da mesma marca e garanto-vos que foi paixão à primeira vista, ou melhor ao primeiro sabor…Mas infelizmente o salão mudou de mãos e a qualidade bem como os produtos desapareceram. Após muita procura e alguma ressaca (shame on me) decidiu-se pedir directamente à casa–mãe três sabores para experiência: Chocolate e Menta; Chocolate com Coco and last but not least Chocolate e Chilli AztecaO meu Chocolate!
Paladar forte, corpo espesso, sabor ligeiramente amargo e com uma sensação posterior bastante intensa de picante na garganta…sensação de satisfação completa, garanto-vos.
Lojas Gourmet de Portugal, por favor peço-vos que adquiram estes produtos…prometo ser um cliente fiel…por favor...

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Lusitana Pátria Amada

(Palácio - Hotel do Buçaco)

Hordas de guerras há muito perdidas
Ecoam ainda nas penhas de além Tagus,
Povos que teimam em sacrificar vidas
Em memórias remotas de Reinos e Magos

Duras as vozes que gritam orgulho
Ancestrais devoções de ódio e dor
Escutemos ao longe o revoltante murmúrio
Por quem se canta tão Luso amor

Chorai então Homens antigos
Grita alto Pátria alada
Rasga os grilhões teus inimigos
Cantai o hino de vitória conquistada

domingo, janeiro 06, 2008

Cidade Morta

Nos dias rasgados a ferros, forçados a sair do vazio tenebroso
Alimentam-se os velhos esquecidos na imensidão dos tempos,
Entre escombros da cidade moribunda, fétida de corpos abandonados
Deixados à sorte, para a sorte dos necrófagos, os velhos…
Existirá alguma réstia de vida, algum pedaço de esperança?
Cidade morta de amores, isolada de sentimentos
Cimento tumular, concreto silenciador do mundo real
Há muito que se deixou de contar o tempo…para quê?
Um dia acaba, ninguém sentirá falta,
nem os velhos…

terça-feira, janeiro 01, 2008

No rasto das origens

Anta da Fonte Coberta - Chã.
Uma das mais bem conservadas que vi até hoje, monumento funerário .
Pedra ornamental peculiar, nos Jardins do Palácio de Mateus,
mas que claramente não é da mesma época do Palácio (Séc. XVIII).
Em Carlão, onde existiu um Castro, fortificação pré-histórica,
reparem na face da pedra mais alta...não vos parece um rosto antropomórfico?

Topo de Megalito em Carlão, onde são visiveis vários círculos e semi-círculos entalhados
na rocha, eventuais provas de local de culto pré-cristão.


Túmulo duplo perto de Garganta, pequena aldeia perdida entre penedos.
O curioso deste local, é ter existido em tempos uma ermida dedicada a N.ª Sr.ª de Ermes,
adaptação quase certa de Hermes, Deus Grego relacionado com signo de Gémeos...túmulos duplos? - Gémeos?

Uma das pancadas a que dei asas nas terras por Detrás dos Montes foi a busca e a recolha de imagens de monumentos pré-cristãos, numa zona que se mostrou generosa a esse nível...
Verdade que é preciso fazer quilómetros, por vezes por estradas de má qualidade e perguntar aos habitantes locais onde é “isto ou aquilo”, que recebi algumas respostas como “Não conheço..”; “Não sei...”.
Apesar de tudo ainda foi possível recolher algumas fotos de megalitos e sepulcros, bem como de uma anta em excelente estado de conservação.
Ficam aqui algumas fotos dos locais que falo com breves descrições da pouca informação existente sobre eles...

Um especial agradecimento aos meus cunhados Ana e André, pela paciência e pela máquina fotográfica, pois este que vos escreve é tão distraído que andou 2 dias a pensar que tinha esquecido a própria máquina em casa...Obrigado