sexta-feira, abril 25, 2008

Maldoror


Dia 23, Culturgest, 21h20 – Maldoror entra em Cena. Figuras saídas de um sonho/pesadelo invadem o palco silencioso. Uma coluna branca, despida, abriga no alto a bateria, enquanto são projectadas imagens dementes nas suas faces. Luxúria Canibal enche a boca do palco com um charuto na boca. Atrás dele os restantes elementos dos Mão Morta concretizam a banda sonora de uma sequência de textos, velhos de 150 anos, espantosamente ainda nauseantes e provocatórios.
A sala estava lotada e em silêncio enquanto o Poeta Isidore Ducasse, aliás Conde de Lautréamont toma conta da voz e do corpo de Adolfo colocando-o no papel de Maldoror, o narrador/personagem dos Cantos com o mesmo nome.
Se alguém esperava um simples concerto dos Mão Morta talvez tenha saído desiludido, se tal for possível. Este espectáculo é acima de tudo um momento de poesia e imagem, de palavras e delírios visuais…se tal não fosse de onde viriam excertos como “estou sujo/roído de piolhos/os porcos, quando olham para mim, vomitam” ou “de repente, no momento em que ela menos espera, enterrar-lhe as unhas compridas no peito mole, de modo a que não morra”?.
Os Mão Morta mais uma vez demonstraram a sua originalidade e o avançado mundo onde se movem. Nem sempre compreendidos, mas sempre com um espaço que lhes está reservado nesse submundo que me rodeia e a tantas outras almas como eu.

quinta-feira, abril 24, 2008

Into my arms

Nick Cave é daqueles autores que há anos me marcam pela sua forma de escrever, umas vezes crua e dura, outras mais sonhadora, e permitam-me, até romântica, mas sempre sombria e decadente.
Este senhor raramente nos brinda com a sua presença em palcos Portugueses e desta vez surgiu a oportunidade de o ver e ouvir ao vivo no Coliseu de Lisboa no passado dia 21.
Uma sala lotada impacientemente esperava o artista, não sem antes levar com uma primeira parte de aborrecimento com uns conterrâneos de nome Dave Graney & The Lurid Yellow Mist (para esquecer).
Por volta das 22h10, inicia-se o culto com o Reverendo Cave a liderar as suas “Sementes do Mal” que depois de alguns anos de interregno voltam a acompanhar, e bem, o Pastor Australiano. Com um concerto muito baseado em músicas do novo “Dig, Lazarus, Dig” deixando a maior parte da plateia um pouco perdida, não perdeu a hipótese de a encantar com clássicos como “into my arms” ou “Stagger Lee” e ainda temas roubados a Johnny Cash, caso de “Wanted Man” ou a Jarvis Cocker com o tema “Nobodys Baby Now”.
Soube sem duvida com o seu ritmo estranho e delirante, cativar um público já sedento de lhe prestar a devida homenagem, pela sua simpatia e sobretudo pela versão Discos Pedidos durante os dois encores , onde questionou o publico incessantemente sobre os temas que queria ouvir…(sinceramente em tanto concerto, nunca tinha assistido a tal coisa).
Foram 24 músicas e cerca de 2 horas e meia de Celebração divina para conversão dos infiéis ainda existentes
Declaro-me aqui completamente convertido a essa estranha religião do Reverendo Cave…Até à próxima!

sábado, abril 19, 2008

A janela


Da janela há muito esquecida
Vejo o passado, o caminho para trás
Vejo brincadeiras de infância, tristezas e alegrias
Pequenos nadas que torturam e definem a mente
Do adulto que olha pela janela…
a que estava já esquecida

Os despojos do que ficou adiado,
A dor do que se perdeu
A janela ali está, queda, muda,
Alheada de tudo
Como se nada passasse através dela
Como se não visse o que vê

Estática, inestética
Ela mostra o que não quero ver
O que escondi à força debaixo da poeira dos anos
As rosas já mortas, essas parecem agora de papel
Meros esboços do que foram um dia

Tal como eu…

terça-feira, abril 15, 2008

Mar de silêncio

...em ondas de vento acordas
em ondas de vento adormeces…

domingo, abril 06, 2008

Outras gentes, outras cores

Banca de mercado

Toranja

Paprika???

Paraíso de gulosos

Fácil de entender (?)

sábado, abril 05, 2008

Encanto Magiar

Budapeste, a cidade de tantos impérios, a terra de eterno sofrimento e ocupação.
Estes rasgos na pele de um povo notam-se, quer na atitude, quer no orgulho de levantar do chão uma e outra vez uma cidade mártir.
Respira-se imponência e decadência, tudo num mesmo local. As fachadas magnânimas onde ainda se vêem os buracos das munições, as placas memoriais de vidas perdidas a cada esquina, tudo isso se respira em Budapeste.
Os cafés ainda têm o encanto de outros tempos, há o culto do estar, do ir ao café como parte de um estatuto social.
Foi sem duvida uma viagem de descoberta, de contacto com outra realidade. Apesar de europeia, Budapeste não nega as suas outras vidas, a otomana, patente no gosto pelos banhos públicos e na gastronomia, a faceta mais imperial herdada do tempo Austro-húngaro, a austeridade de certos quarteirões fortemente soviéticos.
O maior obstáculo foi sem duvida a língua, apesar da boa vontade e da simpatia das pessoas, quase ninguém fala inglês nas ruas de Budapeste, mas o calor e a vontade de ajudar estão lá.
Ficam aqui algumas fotos do que foram estes dias…
Parlamento visto da Ponte das Correntes

Praça ao entardecer com o Palácio Real em fundo

"Cá vou eu no meu traby..."

Praça dos Herois

"Anonymus" em Varosliget

Pormenor nas ruas...

Cobertura da Opera


Outros tempos...