sexta-feira, abril 25, 2008

Maldoror


Dia 23, Culturgest, 21h20 – Maldoror entra em Cena. Figuras saídas de um sonho/pesadelo invadem o palco silencioso. Uma coluna branca, despida, abriga no alto a bateria, enquanto são projectadas imagens dementes nas suas faces. Luxúria Canibal enche a boca do palco com um charuto na boca. Atrás dele os restantes elementos dos Mão Morta concretizam a banda sonora de uma sequência de textos, velhos de 150 anos, espantosamente ainda nauseantes e provocatórios.
A sala estava lotada e em silêncio enquanto o Poeta Isidore Ducasse, aliás Conde de Lautréamont toma conta da voz e do corpo de Adolfo colocando-o no papel de Maldoror, o narrador/personagem dos Cantos com o mesmo nome.
Se alguém esperava um simples concerto dos Mão Morta talvez tenha saído desiludido, se tal for possível. Este espectáculo é acima de tudo um momento de poesia e imagem, de palavras e delírios visuais…se tal não fosse de onde viriam excertos como “estou sujo/roído de piolhos/os porcos, quando olham para mim, vomitam” ou “de repente, no momento em que ela menos espera, enterrar-lhe as unhas compridas no peito mole, de modo a que não morra”?.
Os Mão Morta mais uma vez demonstraram a sua originalidade e o avançado mundo onde se movem. Nem sempre compreendidos, mas sempre com um espaço que lhes está reservado nesse submundo que me rodeia e a tantas outras almas como eu.

1 comentário:

Rubi disse...

Mentes retorcidas...