domingo, outubro 08, 2006

À Sombra do Convento

Escrevo estas linhas para mostrar a quem não conhece as minhas raízes, a terra onde cresci e marcou muito do que sou hoje. Só não nasci lá porque maternidade é coisa que para aqueles lados não existia nem existe.
Mafra, a vila conhecida pelo Palácio e pelos ratos que monopolizam os seus subterrâneos, é uma vila cheia de história e estórias.
Destinada a ser a capital religiosa do V Império, nunca a foi verdadeiramente, pois o tal Império ficou por acontecer, o mesmo que tinha como Centro Político o Terreiro do Paço onde, dizem, o conjunto arquitectónico Mafrense, se passível de levitar e deslocar até Lisboa, encaixaria na perfeição. A numerologia utilizada na sua construção, a estrada em linha recta da entrada do Palácio até ao Atlântico e o Império do Espírito Santo nos Açores, os inúmeros túneis que dão acesso ao seu interior e que percorrem caminhos escondidos. A história do personagem emparedado vivo nos seus claustros, sem que se saiba até hoje a sua identidade, são contos e factos que marcam Mafra e quem dela aprendeu a gostar.
Quem já visitou Mafra, conhece decerto o Palácio Nacional ou, pelo menos a sua fachada, obra imponente sem dúvida, mas que esconde e ofusca muitas das histórias que fazem dessa vila um local tão especial para mim.
Desde muito novo fui dado a curiosidades e os contos e lendas locais sempre me disseram muito. Não descansei enquanto não consegui saber onde encontrar os acessos ao tão falados subterrâneos do "Convento" ou "Calhau" como nós os locais lhe chamamos. Daí a entrar no escuro e labirintico sub-mundo foi um passo e uma coisa posso assegurar-vos : Não existem ratos do tamanho de gatos...apenas existem roedores de tamanho normal e em quantidade idêntica a qualquer esgoto de qualquer vila. Mas os ditos túneis têm magia e são um verdadeiro labirinto, com cruzamentos, acessos emparedados, túneis de quase impossível transposição. Serão sempre um local misterioso, principalmente para quem foi criado a ouvir falar de histórias estranhas e assustadoras de pessoas desaparecidas no seu interior.
A minha infância e adolescência foram assim passadas à sombra do Convento e ao som das narrações que lhe dizem respeito...verdades e mitos, realidades e fantasias. Separá-las não será tarefa fácil, muito menos para mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Convento não perdeu a magia para ti? Agora que sabes e viste que nenhuma daquelas lendas é verdadeira?