domingo, dezembro 06, 2015
domingo, novembro 22, 2015
Meus mundos
Vivo em mundos de sonho...
Sei que posso por vezes parecer alucinado, desapegado, outras deprimido, mas vivo nos meus mundos.
Sim mundos... porque um mundo a mim não me chega. Preciso de mais, preciso sempre de mais!
Tiro prazer em coisas simples como ver a chuva cair num dia de inverno, no aconchego do lar, mas também gosto por vezes de me perder na serra, fria, de céu cinzento, gotas gélidas a cair na face.
Embrenhar-me no meio da floresta e imaginar outro mundo, um mundo onde o sagrado e o profano se tocam, onde seres mitológicos existem, onde encontro explicação para os símbolos que surgem escondidos à espera de quem os revele.
Gosto de me perder nos meus pensamentos, muitos sem nexo visível, de me perder nas palavras que leio, que imagino escrever, nas imagens que correm frente ao olhar.
Mundos distantes na maior parte do tempo mas tão próximos que se roçam e por vezes chocam. Mundos sombrios, decadentes onde, como que por razões inexplicáveis, encontro conforto, identificação, gozo...
Sinto prazer em guardar retratos, congelar o ponto de vista daquele momento, daquela rua, daquele olhar. Utilizo as imagens para voltar ao passado, para ressentir o sentimento que naquele segundo me trespassou a alma, bom ou mau.
Gosto do Inverno, do Outono, da Primavera e do Verão;
Gosto da praia e do campo;
Gosto das serras e das planícies;
Gosto de cores e do preto e branco;
Gosto de agua e de vinho;
Gosto de ti...às vezes gosto de mim.
sexta-feira, setembro 25, 2015
Abandonos - Bataria da Parede - Regimento de Artilharia de Costa
Brazão da antiga unidade militar
Residência do Comando
Entrada da zona operacional
Acesso à área subterrânea
Uma das peças ainda existentes
O mau estado e degradação é geral...
Elevador de transporte de munições - à superficie
sala de armazenamento das munições - subterrânea
Elevador de transporte de munições - subterrâneo
posição de armamento mais ligeiro
Edifícios de instrução e Casa da Guarda
O Regimento de Artilharia de Costa - Bataria da Parede cessou as funções no inicio dos anos 90 do século passado, mas aquela zona alta da localidade da linha de Cascais continua como que parada no tempo.
O acesso facilitado tem ajudado grandemente a deteriorar a memória dos que ali serviram e do próprio país que teima em esquecer-se do que foi, quase demonstrando um desprezo pelo seu passado.
Bem sei que os tempos de dificuldade económica estão aí e na verdade sempre nos acompanharam na história recente deste jardim à beira mar plantado, mas julgo existirem formas de garantir que a memória não fosse deitada fora, como algo descartável.
Do que li nas pesquisas feitas, existe, ou existia um projecto para um parque urbano e museu militar naquele local de vistas privilegiadas sobre a barra do Tejo, mas até à data...
Restam assim os edifícios, as 3 peças de artilharia e os fantasmas do passado que teimam em habitar aquelas largas centenas de metros de túneis e divisões subterrâneas que ligam todo o complexo militar.
domingo, setembro 13, 2015
Sigo...
Percorro caminhos sinuosos, sombrios por vezes,
Deambulo por florestas de sonho, de penumbra
ouço o bater do coração enquanto os passos ecoam
Um caminho solitário, uma alma atormentada
Um abandono quase total...
Percorro-te mentalmente,
Relembro cada traço, cada curva, cada odor,
Percorro-te sinuosa, sombria até,
A alma atormentada,
Uma devoção abandonada
Sigo só...
Sigo mais um pouco, sempre mais além.
Até as forças persistirem,
Até que a fé não esmoreça.
Sigo... Mas sigo só.
sábado, agosto 15, 2015
Às vezes
Às vezes...
Às vezes ao sentir o cheiro da maresia dá-me vontade de chorar,
Às vezes ao olhar a lua, uma lagrima corre rápida a distancia
Entre o olhar e os meus lábios semi abertos...
Às vezes sinto uma profunda vontade de gritar,
de emancipar todas as forças silenciosas que guardo em mim
de libertar as dores da incompreensão que mata pouco a pouco.
Às vezes...
Às vezes o desespero toma a rédeas da vida,
do momento descontrolado e morro em mim.
rebentam as aguas do homem encarcerado e hibernado,
estoura-se o mundo.
Mas só às vezes...
sábado, agosto 01, 2015
Labirintos...
Klimt - Birch Forest
Deixa-me repousar em ti,
dormitar no teu colo,
acordar com o teu olhar profundo
e a chuva a bater no vidro
Deixa-me existir, sobreviver em ti
inspirar cada expiração tua,
percorrer essa pele morna e carente
sonhar os teus sonhos
Deixa-me ser teu, viver por ti
olhar o mundo contigo,
inebriar-me da tua garrafa
fumar do teu cigarro
Embebeda-me de prazer
enche-me da tua vida
correr para o teu corpo,
para a boca sedenta de desejo
Os lábios, esses lábios rubros
de sangue ardente, louco e palpitante,
o doce sabor do vinho quente,
que escorre entre nós...
Labirinto eterno de indecisão...
segunda-feira, julho 27, 2015
Um zero
Somos especiais, somos algo mais...
Não somos nada, somos mais um na fila da vida,
Mais um que passou, alguém com quem riste e partilhaste ideias,
Mas nada mais...
Não passamos de um qualquer vulgar,
Um zero armado em cem,
Um erudito que nada sabe, uma nulidade inútil...
Custa aperceber, mas faz bem... liberta.
domingo, junho 07, 2015
Vallin Mattheis
"... Mas deixei de me interrogar sobre estrelas e livros; Eu comecei a ouvir e a ensinar os meus sussurros de sangue... "
segunda-feira, junho 01, 2015
Mundo Meu
O que mostro de mim é apenas um verniz gasto, uma capa suja que protege do mundo...
Quando escrevo é como se quisesse rasgar essa capa e mostrar como sou, o que sou.
Como as bossas de um monstro marinho que saem de águas profundas, mas nunca sabemos quando ou onde...Para depois desaparecer novamente no abismo profundo do outro mundo. O mundo meu onde poucos seres entram, raramente sem convite.
Mas tu...Tu entraste sem pedir licença, escancaraste-me as portas de par em par e ficaste... Ficaste aqui no mundo que era meu, no mundo onde vivem os sonhos, as mágoas, as dores invisíveis.
Ficaste inabalável, como pilar de mármore milenar que sobrevive às desventuras das tempestades, resistente aos abalos geocêntricos dos egos em colisão.
Sobrevives... Estática, enigmática tal esfinge cujas areias dos tempos tenta esconder, a erosão dos séculos esbate, mas não destrói.
És matéria, és etérea em mim. És o tudo e o nada...Mas és!
segunda-feira, maio 25, 2015
Dor vivida
As dores da vida são dores invisíveis, muitas vezes sem causa objectiva, sem alguém que culpar, sem alvo a apontar, mas doem... se doem.
Não sei se derivado da idade a que cheguei recentemente, mas começo a olhar a vida e os seus mistérios de forma ligeiramente diferente do que até aqui.
No ultimo ano houve tanto para questionar, tanto para sofrer, tanta mudança de rumo...
Se por um lado senti uma necessidade de assentar pessoalmente, de me dedicar a alguém e a algo em concreto, por outro senti a dor e o receio de perder outros que me são tão queridos.
Acho sinceramente que até este ano que passou nunca tinha verdadeiramente ponderado a falta que essas pessoas nos fazem, a angustia de sentir um lugar vazio, a vertigem de não ter...
Parecia-me sempre um lugar distante, algo afastado de mim, essa dor que tanta gente sente quando lhes falta esse alguém, mas pensamos sempre que só acontece a outros que não nós... Nós estamos sempre protegidos pela película da realidade feita à nossa medida, até que um dia acontece algo que nos faz cair os dogmas, nos destrói a cápsula de conforto em que nos enrolamos para protecção das agruras de terceiros.
E quando esse dia chega, é como se fossemos uma falésia onde uma vaga marítima enorme se abate e nos estremece até às fundações, até ao âmago mais profundo... e ai passamos a questionar, passamos a temer o que apenas nos raspava levemente quando alguém conhecido tinha a mesma experiência.
Dói, faz-nos temer a falta de forças para o que há-de vir, faz-nos questionar tanta certeza adquirida, tanta opinião formada, tanto que se desfaz em tão pouco tempo...
Os amigos, os conhecidos, a vida ligeira apenas nos servem para relativizar e distrair da dor interna e intensa que nos aflige quando não temos a mente ocupada por outros assuntos mais leves, mais mundanos, menos filosóficos.
Aí, no silencio pessoal e intransmissível, a dor chega a ser atroz, chega para nos questionarmos se tudo o que existe, realmente está lá, ou não passa de um cenário de filme de 3.ª classe, de baixo custo e muito mau gosto...Mas não.
Não sei se derivado da idade a que cheguei recentemente, mas começo a olhar a vida e os seus mistérios de forma ligeiramente diferente do que até aqui.
No ultimo ano houve tanto para questionar, tanto para sofrer, tanta mudança de rumo...
Se por um lado senti uma necessidade de assentar pessoalmente, de me dedicar a alguém e a algo em concreto, por outro senti a dor e o receio de perder outros que me são tão queridos.
Acho sinceramente que até este ano que passou nunca tinha verdadeiramente ponderado a falta que essas pessoas nos fazem, a angustia de sentir um lugar vazio, a vertigem de não ter...
Parecia-me sempre um lugar distante, algo afastado de mim, essa dor que tanta gente sente quando lhes falta esse alguém, mas pensamos sempre que só acontece a outros que não nós... Nós estamos sempre protegidos pela película da realidade feita à nossa medida, até que um dia acontece algo que nos faz cair os dogmas, nos destrói a cápsula de conforto em que nos enrolamos para protecção das agruras de terceiros.
E quando esse dia chega, é como se fossemos uma falésia onde uma vaga marítima enorme se abate e nos estremece até às fundações, até ao âmago mais profundo... e ai passamos a questionar, passamos a temer o que apenas nos raspava levemente quando alguém conhecido tinha a mesma experiência.
Dói, faz-nos temer a falta de forças para o que há-de vir, faz-nos questionar tanta certeza adquirida, tanta opinião formada, tanto que se desfaz em tão pouco tempo...
Os amigos, os conhecidos, a vida ligeira apenas nos servem para relativizar e distrair da dor interna e intensa que nos aflige quando não temos a mente ocupada por outros assuntos mais leves, mais mundanos, menos filosóficos.
Aí, no silencio pessoal e intransmissível, a dor chega a ser atroz, chega para nos questionarmos se tudo o que existe, realmente está lá, ou não passa de um cenário de filme de 3.ª classe, de baixo custo e muito mau gosto...Mas não.
quinta-feira, maio 21, 2015
TEU
Guarda-me no fundo, guarda-me no recanto mais sombrio de ti... mas guarda-me.
Sou teu, sou eternamente teu... passem os anos, mudem as estações,
alterem-se as modas, serei teu
Eternamente teu...
Não procuro nada, não questiono dogmas, mas serei teu
Teu como alguém pode ser de outro alguém,
Teu como o fluir incessante do ribeiro até à altivez do teu mar
Serei simplesmente teu.
Os seres não se escolhem, pertencem-se, completam-se,
As vidas não se combinam, cruzam-se, enleiam-se
E assim permanecem até quando a razão tenta ser mais forte
Mas serei teu, mesmo com tentativas impostas, morais ocas
Serei teu...
Serei tão teu...
sexta-feira, março 13, 2015
Cerimonial perdido
Os silêncios esperados, tantas vezes suspirados
dão lugar ao murmúrio do ribeiro que corre ali próximo.
Ouve-se ao longe o cantar do pássaro confundido com o vento
Sussurrado entre arvores centenárias.
A cerimonia prestes a iniciar,
acelera o sangue aquecido nas veias dos iniciados
o bater dos corações sobrepõe-se ao som natural
O circulo está fechado, o sol a poente cai...
Quando o ultimo raio de luz rasga entre as pedras sagradas
E ilumina a cena nuns tons dourados, o ritual começa
Duas taças cheias, uma de tom sanguíneo, outra de um branco e espesso
Servem para desenhar os símbolos sacros nos corpos ainda profanos
Uma ladainha quase imperceptivel solta-se dos lábios do mestre
A vara bifurcada nas suas mãos roda entre pontos cardeais,
enquanto são acesas as primeiras velas
Agua, ar, terra, fogo,
Sangue, esperma, suor, lagrimas
No centro, junto ao símbolo maior,
colocaram-se as ervas magicas que libertam os primeiros odores
ao serem queimadas.
Uma neblina quase invisível começa a toldar
os sentidos mundanos dos iniciados e liberta-os para novas dimensões,
O corpo fica, a alma voa livre, pronta para receber as dadivas do ensinamento sagrado,
os homens e as mulheres são cobertos com as pinturas rubras e alvas,
ao mesmo tempo que lhes colocam as peles de lobos e javalis,
transformando os seus vultos em animais nas sombras da floresta.
O Rei Veado renasce ao centro!
Erecto como um verdadeiro Deus metade homem , metade animal.
NATURA, SACRA NATURA!
sábado, janeiro 31, 2015
Tu!
(Carlos Schwabe)
Tu nem sabes...
Tu nem sonhas o que sonho
Tu nunca sentirás o desejo
Nem te aproximarás na mais fértil imaginação.
Tu...
Nunca chegarás a perceber,
o saborear os doces momentos
a magia profana dos corpos
a dança mística dos seres
Tu...
Ficaste no caminho,
à sombra do conforto
comprometida com o certo
resignada ao destino
Tu...
Tanto que tens
Nada queres...
sexta-feira, janeiro 30, 2015
Morre-se...
Morre-se aos poucos...
Cada pedaço de insensibilidade mata,
Cada frase é uma agulha directa ao amago.
Morre-se diariamente.
Guarda-se as memórias felizes
e as outras também...
Mas morre-se cada dia,
Tornam-se as imagens um nevoeiro difuso e longínquo.
Morre-se assim, longe, frio, sem arrependimento...
Quase um nada que já foi tanto...
E morre-se...
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