As dores da vida são dores invisíveis, muitas vezes sem causa objectiva, sem alguém que culpar, sem alvo a apontar, mas doem... se doem.
Não sei se derivado da idade a que cheguei recentemente, mas começo a olhar a vida e os seus mistérios de forma ligeiramente diferente do que até aqui.
No ultimo ano houve tanto para questionar, tanto para sofrer, tanta mudança de rumo...
Se por um lado senti uma necessidade de assentar pessoalmente, de me dedicar a alguém e a algo em concreto, por outro senti a dor e o receio de perder outros que me são tão queridos.
Acho sinceramente que até este ano que passou nunca tinha verdadeiramente ponderado a falta que essas pessoas nos fazem, a angustia de sentir um lugar vazio, a vertigem de não ter...
Parecia-me sempre um lugar distante, algo afastado de mim, essa dor que tanta gente sente quando lhes falta esse alguém, mas pensamos sempre que só acontece a outros que não nós... Nós estamos sempre protegidos pela película da realidade feita à nossa medida, até que um dia acontece algo que nos faz cair os dogmas, nos destrói a cápsula de conforto em que nos enrolamos para protecção das agruras de terceiros.
E quando esse dia chega, é como se fossemos uma falésia onde uma vaga marítima enorme se abate e nos estremece até às fundações, até ao âmago mais profundo... e ai passamos a questionar, passamos a temer o que apenas nos raspava levemente quando alguém conhecido tinha a mesma experiência.
Dói, faz-nos temer a falta de forças para o que há-de vir, faz-nos questionar tanta certeza adquirida, tanta opinião formada, tanto que se desfaz em tão pouco tempo...
Os amigos, os conhecidos, a vida ligeira apenas nos servem para relativizar e distrair da dor interna e intensa que nos aflige quando não temos a mente ocupada por outros assuntos mais leves, mais mundanos, menos filosóficos.
Aí, no silencio pessoal e intransmissível, a dor chega a ser atroz, chega para nos questionarmos se tudo o que existe, realmente está lá, ou não passa de um cenário de filme de 3.ª classe, de baixo custo e muito mau gosto...Mas não.
segunda-feira, maio 25, 2015
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
É pena serem necessários tantos anos e chegar a determinada idade para nos darmos conta desses factos...
Enviar um comentário