Os silêncios esperados, tantas vezes suspirados
dão lugar ao murmúrio do ribeiro que corre ali próximo.
Ouve-se ao longe o cantar do pássaro confundido com o vento
Sussurrado entre arvores centenárias.
A cerimonia prestes a iniciar,
acelera o sangue aquecido nas veias dos iniciados
o bater dos corações sobrepõe-se ao som natural
O circulo está fechado, o sol a poente cai...
Quando o ultimo raio de luz rasga entre as pedras sagradas
E ilumina a cena nuns tons dourados, o ritual começa
Duas taças cheias, uma de tom sanguíneo, outra de um branco e espesso
Servem para desenhar os símbolos sacros nos corpos ainda profanos
Uma ladainha quase imperceptivel solta-se dos lábios do mestre
A vara bifurcada nas suas mãos roda entre pontos cardeais,
enquanto são acesas as primeiras velas
Agua, ar, terra, fogo,
Sangue, esperma, suor, lagrimas
No centro, junto ao símbolo maior,
colocaram-se as ervas magicas que libertam os primeiros odores
ao serem queimadas.
Uma neblina quase invisível começa a toldar
os sentidos mundanos dos iniciados e liberta-os para novas dimensões,
O corpo fica, a alma voa livre, pronta para receber as dadivas do ensinamento sagrado,
os homens e as mulheres são cobertos com as pinturas rubras e alvas,
ao mesmo tempo que lhes colocam as peles de lobos e javalis,
transformando os seus vultos em animais nas sombras da floresta.
O Rei Veado renasce ao centro!
Erecto como um verdadeiro Deus metade homem , metade animal.
NATURA, SACRA NATURA!
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