domingo, dezembro 29, 2013

A varanda do meu mundo


Daqui vejo o mundo...
O meu mundo, as minhas cores,
Sinto o frio na face já gelada e sabe-me bem,
Faz-me sentir que vivo, que estou, que vejo e sinto...
 
Daqui vejo tudo o que me interessa
As tonalidades mágicas deste céu a falecer
O dia que vai, à espera do outro que chega
A noite entre eles, qual intervalo místico 
entre jornadas de dor e deleite...
 
Daqui vejo o meu mundo! 

POST-SCRIPTUM

"Não sou daqueles cujos ossos se guardam,
nem sequer sou dos que os vindouros lamentam
não hajam sido guardados a tempo de ser ossos.

Igualmente não sou dos que serão estandartes
em lutas de sangue ou de palavras,
por uns odiados quanto me amem outros.

Não sou sequer dos que são voz de encanto,
ciciando na penumbra ao jovem solitário,
a beleza vaga que em seus sonhos houver.

Nem serei ao menos consolação dos tristes,
dos humilhados, dos que fervem raivas
de uma vida inteira pouco a pouco traída.

Não, não serei nada do que fica ou serve,
e morrerei, quando morrer, comigo.

Só muito a medo, a horas mortas, me lerá,
de todos e de si se disfarçando,
curioso, aquel’ que aceita suspeitar
quanto mesmo a poesia ainda é disfarce da vida."

Jorge de Sena

sexta-feira, novembro 29, 2013

A morte




A morte tira-nos tudo excepto as nossas histórias...

segunda-feira, outubro 21, 2013

Estranhas visões



Visões retrocidas de bestialidade, sensações atrozes de dor e medo, urros horripilantes na noite vazia.
Corpos necrofagos de prazer, seres embriagados de si mesmos, degladiando-se na praça publica, à sombra do templo semi profano, mistura de sentires, magos da provocação intima dos homens nudos de preconceitos, vazios de forma, purificados de sacrificio...

Venham, seres profundos... estranha visão da vida mundana que não é nossa... é deles. 
Avancem sem medo ao rufar dos tambores, ouçam o rugir do clamor distante a aproximar-se e entreguem-se em deleite e lânguido ócio às hordas que vos envolvem.

Envolvam-se, revolvam-se, revoltem-se...

segunda-feira, setembro 30, 2013

Por ti!


Espreita entre o arvoredo numa tarde outonal de sol tímido e frio.
Vê entre as cores da terra o sabor doce do passado,
O paladar das lembranças que nos abrem o vazio no peito.
A vontade que fica de procurar o que nos faz felizes,
 Aquela sensação de putos parvos que sorriem apenas porque sim,
Porque o sorriso jorra livre na tua cara...
 
Joga contigo mesmo, o jogo das escondidas,
Regressa ao tempo das felicidades espontâneas,
Luta por ti, pelo que sentes,
 Pelo prazer que teimas em reprimir
Luta, luta, luta...
 
Nem que morras a lutar, mas luta... 
Por ti!

domingo, setembro 15, 2013

Sitios mágicos perto de casa I



 
Felizmente ainda se encontram sítios assim... perto de nós, perto de casa.
Felizmente ainda se encontram a salvo da (in)civilização.
Tão perto e tão longínquo, recato puro de tranquilidade.
Felizmente...

quarta-feira, agosto 21, 2013

Doces sombras estivais


 
Existem momentos tranquilos e especiais,
Lugares místicos e apaziguadores,
Felizmente existem recantos assim...
 


domingo, agosto 18, 2013

La Sacristia - um segredo quase perdido

 
O que resta do monumento...

 
Pormenor dos anjos no arco

 
um tecto ogival de céu azul...

 
ruínas nas proximidades de La Sacristia

 
Pormenor da porta

 
Pormenor do arco
 
Estes retratos foram tirados no meio de nenhures, junto à fronteira Luso Espanhola. Como lá fui parar? Ora bem... após assistir à apresentação do livro do meu amigo e colega de escola Luís Corredoura com o titulo Nome de Código Portograal, ele mencionou alguns dos locais onde se desenvolve a história do mesmo, estando entre esses locais umas ruinas designadas popularmente por La Sacristia. Estas ruinas pertencem a uma igreja de estilo gótico, praticamente desaparecida e consumida pela natureza, mas com pormenores que nos fazem sonhar com a riqueza desta construção nos seus tempos áureos.
Fiquei curioso com a coisa e decidi perguntar ao Luís mais pormenores da localização, uma vez que, segundo ele, tal monumento encontra-se no meio de uma herdade, sem qualquer caminho, placa indicativa e guardado por bovinos à solta...
Com as preciosas indicações e ajuda desse amigo lá consegui encontrar a dita igreja que confirmo, não é tarefa fácil, pois para além de se encontrar numa propriedade privada onde deambula gado bovino à solta, só metade do percurso está reconhecível, sendo necessário saltar muros de pedra e vaguear pelo meio de mato da minha altura para lá chegar...
Recorrendo às coordenadas recolhidas num site da internet lá encontrei o pretendido e não me desiludiu.
Pouco se sabe desta igreja em ruinas, mas alguns sites da zona indicam que se trata de um templo do século XIII, construído para homenagear uma aparição mariana nas imediações e os habitantes de Villar de Ciervo ergueram então este templo dedicado à Vírgen del Valle, supostamente destruído durante a guerra da Sucessão no século XVIII entre as forças Portuguesas e Castelhanas.
Apenas resta o que se entende ser a sacristia da igreja que deveria ter cerca de 13x10 metros, onde se destacam a porta da sacristia com um arco de seis centros, no que se entende de influência hispano flamenca, bem como os restos do tecto ogival característico das construções góticas e a nascente um arco decorado com anjos e um jarrão de açucenas, presume-se das armas  da Catedral de Cuidad Rodrigo.
Fica ainda o registo de alguns nichos sepulcrais, sobretudo para crianças, dando a precepção que a igreja poderá ter sido um panteão de família...
Escreve-se assim mais um registo a juntar aos poucos que existem desta pérola (quase) secreta que repousa a escassos metros da fronteira Portuguesa, adormecida entre a natureza, testemunha dos séculos e das lutas constantes entre dois povos tão próximos e tão distantes por vezes...
 
Obrigado Luís Corredoura.
 
 
 

quarta-feira, agosto 07, 2013



"Atira-me aos lobos que eu volto como líder da alcateia..."

domingo, julho 07, 2013

Livro de Cabeceira XXII



O Confessor é um romance do norte americano Luso descendente Daniel Silva, um ex-jornalista da CNN que se dedica actualmente à escrita.
Na sequência de sucessos como os de Dan Brown, este romance mistura policial com religião e mistério. Certo é que nem todas as misturas deste género dão bom resultado, mas O Confessor pareceu-me bem escrito e bem plausível.
Gabriel Allon, um operacional da Mossad cujo disfarce oficial é um restaurador de obras de arte em Veneza.
Entre o peso do seu passado de mortes e a necessidade de regressar ao activo para resolver o assassinato do seu velho amigo Benjamin Stern, professor universitário em Berlim e investigador e escritor de um futuro livro sobre a relação demasiado próxima entre o Vaticano e o III Reich alemão durante a perseguição aos judeus.
Este acontecimento aliado ao surgimento de um novo papa com intenções de assumir uma nova postura perante os crimes do holocausto e a posição da igreja católica, faz entrar em campo uma organização secreta - Crux Vera - que tenta por todos os meios manter o poder religioso da instituição Vaticano, contra tudo e contra todos...

A ler...

domingo, junho 16, 2013

Corpo etéreo, alma perene...



QUANDO

                                    Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
 
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
 
Será o mesmo brilho a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta.
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
 
Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, maio 06, 2013

Livro de Cabeceira XXI


Confesso ser o primeiro livro de Philip Roth que leio e conquistou-me.
Teatro de Sabbath anda em volta da vida de Mickey Sabbath, fantocheiro de 64 anos, na decandencia da vida, obcecado por sexo, que sente a vida e as oportunidades a esvairem-se pelos dedos à medida que a idade avança.
Drenka é uma emigrante croata, mais nova que Sabbath, pujante, sensual, com um casamento banal e cansativo, que se deixa envolver com o fantocheiro e com ele aprende a disfrutar do seu corpo e do sexo de todas as formas permitidas.
Afastado da arte dos fantoches pela artite nos seus dedos e da carreira de professor por acusação de ser perverso com as suas alunas, Sabbath vive na dependência financeira da sua 2.ª mulher que recupera de um problema de alccolismo.
Pensa e repensa a vida acompanhado por fantasmas do presente e do passado, tal como o seu irmão, morto na II Guerra Mundial, a sua mãe também já falecida e Nikki, a sua 1.ª mulher desaparecida e com a qual o fantocheiro chega a duvidar se foi o autor da sua morte.
Solitário pelas suas atitudes presentes e passadas, afasta todos os seus amigos com farsas e encenações completamente loucas e desesperantes.
Trata da vida, da morte e das infidelidades, como de um abismo para onde todos caminhamos, para um degradar da vida humana... Gostei.

sexta-feira, abril 12, 2013

Algures entre a sanidade aconselhada e a loucura permitida...eis onde me encontro.

quinta-feira, abril 11, 2013

Anjo e Demónio

 
Uma luta constante entre a quietude da normalidade e a vertigem da loucura,
Duelos internos que te desfazem,
dilaceram e abrem golpes profundos no amago já moribundo e sedento de deliciosas torturas,
 Anjo e demónio num só ser, bem puro e maldade refinada num só corpo, numa só mente, Sofrimento eterno de depravação mística, circulo mefistofélico de artes negras,
 Pureza conspurcada com prazeres proibidos, luz e sombra, sol e lua...
Sem zona cinzenta, só o êxtase ou a depressão...
Tudo ou nada!

segunda-feira, abril 08, 2013

O meu maior pecado é gostar da vida...

terça-feira, março 26, 2013

Labirinto de Minos


 
De que vale conhecer os outros se nao nos conhecemos a nós mesmos?
Sempre que temos contacto com alguém que de alguma forma nos consegue tocar, deixamos uma parte de nós ali e recebemos algo dessa pessoa.
De forma voluntária ou não. Existe, quer queiramos ou não, uma verdadeira transfusão de pensamentos, actos, formas de ser que, muitas vezes de forma inconsciente, se revezam na complexidade dos personagens.
Alguns descomplicam-se e simplificam-se, outros enleiam-se mais e aumentam o labirinto sombrio onde se gostam de perder e tomar as suas presas.

Um labirinto de minos, um covil de sensações estranhas e mágicas, tormentosas e viciantes...

 

terça-feira, março 05, 2013

TT Syndicate - Ataque Tripeiro no Ritz


fotografia: Kitty Cat Kustom Arts

A noite que supostamente era de consagração do projecto Cais Sodré Cabaret, que após uma noite de sucesso no passado dia 1 de Dezembro, regressavam ao palco do Clube da Rua da Glória, tornou-se a noite de uma banda recente do panorama português e portuense: os TT Syndicate.
Composta por 7 elementos, a banda junta músicos e artistas ligados a outros projectos da zona norte do país, tais como 49 Special, The Mean Devils, os Tornados, etc...
Excelentes executantes musicais, uma palavra muito particular aos três elementos dos metais: Hugo Lopes, Joel Rocha e Bruno Rocha encarregam-se de brilhar no saxofone tenor, saxofone barítono e trompete respectivamente. Uma delicia de perfeição sonora!
Isto sem desprimor para os restantes elementos, todos bastante competentes, uns verdadeiros profissionais em palco, salientando-se a loucura tripeira do vocalista Pedro Serra, que trouxe verdadeira empatia com o público nem sempre fácil. O sotaque da Invicta, a facilidade com que trocou piropos com os espectadores e a simpatia à prova de bala, fazem dele uma referência neste projecto. Em dia de clássico Verde e Azul em Alvalade, não faltaram pequenas e saudáveis picardias do vocalista ao público.
O som? Bem, o som reproduzido denominado de rhythm'n'blues, northern soul e 60's beat, acabou por contagiar toda a gente, fazendo alguns menos envergonhados dançar das formas que bem lhes deu na real gana.
Como o projecto é bastante recente, só tinham preparados 15 temas para mostrar no palco do Ritz Clube... logicamente tiveram de repetir algumas quando lhes exigiram o regresso!
 
Como escreveria no facebook uma grande amiga que nos acompanhou nesta noite..."Magnifíco da primeira às últimas 15 músicas"...Excelentes!
 
Das Cais Sodré Cabaret..? Fica para a próxima... desta vez os verdadeiros artistas foram os convidados!

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

As voltas da vida

Por mais que tente perceber o porquê, a vida tem-me trocado várias vezes as voltas.
Não sou de lamúrias, quem me conhece de perto sabe que não sou o chamado "queixinhas", tão afamado politicamente nos ultimos tempos. Não sou de chorar porque ganho pouco, ou lamentar a vida com poucos valores materiais que tenho, até porque vejo sempre o lado de quem menos tem, e ao queixar-me, sinto que estou a ser desrespeitoso para com essa grande trupe que aumenta dia a dia neste meu malfadado Portugal...
Tenho o que tenho, já tive mais, poderia ter menos...a vida e os caminhos que escolhemos são com os que temos de (con)viver.
Também não sou isento de ambição, porque é humano, é natural ser-se insatisfeito, desde que não de forma doentia, de forma invejosa, ácida até. A inveja boa é saudável e faz-nos ter força para voltar a respirar no próximo segundo, quando tantas vezes essa força nos falta, ou até nos surgem ideias parvas de suster a respiração e esperar que o nosso filme acabe por aqui, triste e cinzento.
Tento manter-me à tona, por mais que sinta por vezes mãos invisiveis a puxar-me para o fundo, tento manter a força para dias piores, sempre na esperança quase secreta que a bonança volte em breve...
Sinto falta sobretudo da paz sentida por poder olhar em redor e saber que tudo está bem com quem me é querido. Isso sim, era uma merda importante de me acontecer na vida.
O resto... sim adorava poder viajar como pude no passado, não contar os centimos até ao próximo ordenado, encher de presentes quem gosto, fazer feliz quem me faz feliz... mas o que dava agora por poder descansar sossegado sabendo que tudo à minha volta estava bem...
Aí sim! Descansava...

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

Afectivamente...

 
Foto: Palcoprincipal (André Vitor Tavares)
 

Passados alguns anos, revi o Grupo Novo Rock no mesmo palco onde os tinha visto da ultima vez. O grande auditório do CCB quase que lotou para receber os embaixadores do norte neste concerto com uma vertente assumidamente mais intimista e acústica.
Uma visita à capital que serviu para revisitar velhos temas, alguns menos conhecidos, mas não deixando de fora os grandes exitos destes mais de 30 anos de carreira.
A relação amorosa começou com um preliminar misturado de Popless e Rei do Roque, acompanhado pelo violino de Ianina Khmelik, do piano de Toli César Machado e o baixo de Jorge Romão.
O concerto com cerca de 2 horas, teve as participações dos  Beatbombers, um grupo de Dj's das Caldas da Rainha que interpretaram uma versão de Verdes Anos, do guitarrista Carlos Paredes, bem como entraram com a sua magia nos temas  Las Vagas e Sangue Oculto, animando as hostes.
Surgiram ainda em palco as cantoras Mitó do grupo A Naifa que interpretou Valsa dos Detectives e Sete Naves, bem como Márcia que cantou em dueto o tema Morte ao Sol e a solo a  Cabra-Cega.
Estava ainda reservada mais uma surpresa, a presença de Camané, fadista que recebeu a maior ovação da sala, interpretando Cais e Você (Verbo Amar).
A actuação envolveu ainda temas como Sub-16 e Dunas, que marcou o final do espectaculo, com todos os convidados em palco a cantar o refrão em plena festa na plateia que entretanto se tinha esquecido que a sala era composta por lugares sentados, dançando e aplaudindo Rui Reinhinho e os seus típicos trocadilhos e trejeitos. Até uma próxima...

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

Estranhas formas de vida






Pormenores de pequenas vidas, que me rodeiam e me encantam durante os passeios pelas redondezas.

sábado, fevereiro 02, 2013

Caminha...

De que vale tentares lutar contra ti?
Que te importa caminhar no trilho certo?
Ser o homem que esperam que sejas...
Ter a alma escondida, na penumbra,
À espera de se poder libertar?

O que conta o politicamente correcto,
O certo e educado,
A polidez e a brandura,
Quando por dentro ruge a besta,
O animal que teima em ser livre,
O monstro de prazer e dor que voa.
Salta para além do fisico,
para além do permitido...

Devora-te as entranhas,
Sabes que queres...
Queres, mas não podes,
Queres, mas não deves...
Mas queres...
Desejas...
Torturas-te...

(Sobre)vive a ti...
Dobra o teu ser...
Canibal de ardentes paixões.
Proibidas, proibitivas.



sábado, janeiro 19, 2013

Espuma dos dias

A espuma dos dias passados deixa o seu rasto,
mas a vida segue o seu curso, imparável,
cega aos planos dos homens, surda aos planos alheios,

A ansia de uma nova vida,  um novo rumo,
a incerteza da felicidade volta a fazer sonhar,
a vontade do calor amante numa noite fria,
numa casa iluminada pela dança da chama,

Entre a penumbra que abriga e conforta,
o corpo quente da mulher amada,
o carinho, o amor, o desejo...
Tudo nos faz reagir, tudo nos faz querer (re)viver.

Feliz...aos poucos serei feliz de novo.