segunda-feira, dezembro 24, 2012

Noite mágica e intima...


(Foto roubada descaradamente do facebook do Ás de Espadas)

Foi no passado dia 9 de Dezembro que assisti ao vivo a uma apresentação do projecto La Chanson Noire, no Ás de Espadas (Rua Luz Soriano, 18 - Bairro Alto) Confesso que para além de uns temas no Youtube, pouco conhecia dos seus sons e letras.
Foi com emoção pura que percebi que um dos convidados de Carlos, ou melhor, Charles Sang Noire, era o meu escritor Português favorito da actualidade, David Soares, de quem já vos falei em posts anteriores, relativamente a titulos lidos, que nos presenteou com poesias de vários autores portugueses, cujo tema comum é a morte.
Apenas com o piano a acompanhar, à luz das velas e num ambiente perfeitamente intimo e negro, tive contacto com letras que me arrepiaram, tanto que me dizem, um som entre o clássico e o burlesco, fazem deste projecto recém descoberto um dos que pessoalmente mais me dizem como ser humano(?).
Convidada foi também Melusine de Mattos, poetisa do desespero e do amor, que apreciei bastante os textos lidos pela própria.
Deixo aqui um agradecimento aos responsáveis pelo espaço, que além do bom gosto e do esforço em manter aquele local um polo de cultura e tertúlia, primam pela simpatia, fazendo-nos sentir aconchegados e bem recebidos.
Do recital ouvido e sentido realço a letra de "Água Benta" que aqui deixo, por razões óbvias me tocou particularmente...

Cravo negro, corvo sou,
Fraco e feio,
Colho almas onde vou,
Qual centeio,
Cheiro a campa e saibo a pó,
Acre, intenso,
No inferno, sonho só,
Choro, penso:
Dou abrigo à morte lenta,
Existo para imolar,
Trazei-me o manto magenta,
E espinhos para coroar,
Minha alma é peçonhenta,
Beberei ao acordar,
Sete litros de água benta,
Para me purificar…
Sapo negro, sapo sou,
Asco e visco,
Colho medo aonde vou,
Drama, risco,
Sou mordomo do terror,
Susto, salto,
Filho bastardo da dor,
Grito alto…
Dou abrigo à morte lenta,
Existo para imolar,
Trazei-me o manto magenta,
E espinhos para coroar,
Minha alma é peçonhenta,
Beberei ao acordar,
Sete litros de água benta,
Para me purificar…
 
Até breve...

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Porto de abrigo



Deixa-te levar pela hipnose terna do amor,
pelo sexto sentido desperto,
Segue o trilho do sentimento, da loucura permitida,
Investe, ataca de frente, a lúxuria da essência carnal,
A dor lacrimejante dos olhos cegos de paixão

Segue... Segue...

Altivo e pedante, o teu deus regressa ao mais primitivo dos altares,
O útero querido, desejado, louco de desejo...
Á espera da deposição enraivecida da semente escaldante do ser.

Recebe em ti o mais ilustre visitante,
Abre para ele o teu mais ínfimo segredo.
Aloja-me... Alimenta-me... Faz-me perder em ti...

Deixa-me morrer dentro de ti,
sentir o bater uníssono da máquina que teima em viver, a nossa máquina
repousar no teu intimo prazer... escorrer em ti, saborear em ti...

Seres tu a minha fonte das delícias, tu a minha sede saciada...
Tu o meu preenchimento completo de desejos ardentes.
O meu porto de calmaria depois da tempestade voraz dos momentos mágicos...

Sê tu... Só tu...

quarta-feira, novembro 14, 2012

Para ti Avó...


Maria da Assunção de Jesus
 
30/01/1927 - 12/11/2012

Partiste... partiste finalmente após anos de sofrimento e ausência mental.
Resististe a tanto e surpreendeste quando todos pensavamos que nos abandonavas antes do teu marido.
Tinhas uma forma muito especial de ver o tempo passar e lutavas contra ele. Teimavas em fugir ao passar dos anos e tentavas a todo o custo enganar a idade.
Vaidosa, "velha gaiteira" como te chamava às vezes, foste uma mulher das antigas, sempre com a trouxa atrás, para onde quer que mandassem o teu Cabo Valente de serviço, lá seguias tu e as tuas filhas.
 
Descansa agora que podes, nós cá vamos também descansar e sorrir ao lembrarmos estes avós que temos...temos sim, porque as pessoas não desaparecem quando morrem, apenas desaparecem quando nos esquecemos delas...
 
Um beijo avó...

quarta-feira, novembro 07, 2012

Mar de Chumbo

 
Aqui, neste mar de chumbo,
selado do mundo, isolado de ti,
sono perpétuo de mágoas tais,
câmara escura de horrores viscerais,
 
Suor e sangue, sabor a sal deste oceano escurecido,
numa penumbra deslumbrante da tarde de Outono,
escorrego para o âmago em ruínas,
casa tombada, lar desfeito,
Sei o sabor da perda,
Já não me lembro do sabor da vitória...

terça-feira, novembro 06, 2012

Nota explicativa

É oficial: Fartei-me que confundam os desenhos e frases que tenho tatuados em mim, com significados e simbolos que nada têm a ver comigo!

Portanto aqui fica para quem quiser saber:

A árvore retorcida, quase sem folhas, acrescentada recentemente com mais ramagens (braço e ombro direito): Sempre gostei de árvores e quanto mais castigadas pela vida melhor. Esta simboliza um carvalho milenar, resistente ao tempo, simbolo de força e sabedoria celta que ainda hoje é respeitada em certos recantos do nosso país;

O Corvo (nas ramagens da árvore) : Ave muitas vezes ligada ao azar, para mim é um simbolo de noite e oculto; guardião de almas secretas e mistério;

Non Omnis Moriar (no braço esquerdo) : Não morrerei inteiramente - É a minha crença, um pouco utópica talvez, que enquanto formos lembrados, nunca morreremos por completo;

Alcachofra (no antebraço esquerdo) : simbolo alquimico do renascer, da vida para além da morte. Pode ser vista como adorno arquitectónico em vários monumentos sobretudo de influência maçónica, como nos muros da Quinta da Regaleira em Sintra ou no topo do Cais das Colunas em Lisboa, simboliza a passagem do profano ao sagrado, a iniciação;

O sol negro (no peito sobre o lado esquerdo): Simbolo do culto ancestral ao deus sol e aos cultos celtas dos astros. Podem até levar para o lado da extrema-direita e do III reich, não o fiz com esse sentido;

"Porque os outros tem medo mas tu não..." (nas costas, entre as omoplatas) -  Frase retirada do poema de Sophia de Mello Breyner Andresen "Porque os outros se mascaram mas tu não": Um poema com bastante poder e cuja frase que escolhi personifica uma intenção, não recear  as adversidades, as lutas da vida.

Cruz Celta (na perna direita) - Simbolo de crença numa religião mais próxima da natureza tal como era o catolicismo nos primórdios na zona outrora dominada pelas tribos celtas, obrigada a adaptar-se aos cultos ancestrais para conquistar as almas humanas;

Cruz de Alcântara ( nas costas, todo o centro)- Obviamente uma homenagem à família, simbolo forte e vincado em mim através da tinta, debaixo da pele...

Por agora é tudo... em breve pode haver mais.

sábado, novembro 03, 2012

Ignis Natura


Noite fria e carregada de névoa que congela o ser,
Os sons nocturnos enchem o anfiteatro da serra sagrada,
Mãe do mundo, Mãe dos homens ancestrais, Deusa de deuses menores
há muito perdidos na intemporalidade do espaço profano, apenas lembrados por poucos resistentes, uns quantos tomados por loucos, ou apenas "excêntricos" que teimam em prestar homenagem aos idos, aos mortos despojados de vida material, mas tão presentes neste circulo negro iluminado de velas titubeantes, marcado com o sangue virginal do sacrifício supremo, da morte que teima ser vida, da ode ao renascer, dos cânticos de êxtase e luxúria que se desembargam de gargantas viciadas em sumo pontifício de prazer e dor...
A serra sagrada espera por nós, a noite acolhe-nos a alma cansada, farta de sofrer, ansiosa por uma nova era. O monte das serpentes é nosso!
Ophiusa retorna o seu esplendor, a sua magia antiga e incompreendida.
Devotos do desespero, amantes do atroz, todos caminham em silêncio por entre a penumbra confortante da Mãe, para a caverna-utero onde nos apaziguamos enfim...
 
Salve Natura, Salve Ignis, ressurge do fogo libertador e voa... Ibis ocidental.

sábado, outubro 20, 2012

Reunião de Familia


Hoje realiza-se pela segunda vez o convivio da Família Alcântara.
Um jantar que visa juntar os familiares que, vivendo longe ou perto, muitas vezes só se encontram nesta altura.
Uma tentativa de manter forte o espírito de união entre Alcântaras e sua restante família, reviver velhas histórias e estórias, relembrar o passado e descobrir tradições. Uma homenagem aos que já partiram mas que continuam entre nós... para a família e pela família!

domingo, outubro 07, 2012

Espinhos da vida

 

 
Vidas... pedaços incertos de bem e mal,

filmes fragmentados, sofrimento e dor,
prazeres e alegrias,
peças soltas de um puzle (quase) impossivel
vortex de decisões, nem sempre tomadas
 
Espinhos da vida, mágoas sem conta
aprender da forma mais dura,
morrer, renascer, sofrer, sorrir...morrer
tela infinita, umas vezes abstrata outras surrealista
pintada por tantos, mesmo sem o nosso consentimento...
 

sexta-feira, setembro 28, 2012

Destroços de vidas passadas...

 
(Vila Nova - Igreja Nova)

 
(Casal de Marreiros - Igreja Nova)

 
(Casal do Rei - Casal Saloio em Ruínas)


quinta-feira, setembro 27, 2012

Livro de Cabeceira XX



Não resisti a ler o sucesso literário do ano... Mas também não fiquei totalmente convencido com o livro. A história resume-se à relação amor/sexo entre uma estudante timida e inexperiente e um homem de negócios extremamente bem sucedido e com um apetite sexual um tanto original.
A sua predilecção pelo mundo BDSM é explorada de forma mais ou menos explicita e vai gerindo as duvidas da estudante quanto a esse mundo, os seus receios em aceitar uma relação desde género e o amor e deslumbramento que sente por Grey.
Daí para a frente, o livro baseia-se muito nas trocas de e-mails entre os dois, nas provocações mais ou menos veladas, nas narrativas dos encontros sexuais, mais ou menos escaldantes, mais ou menos duros... Sinceramente esperava mais do livro, mas ele foi escrito para ser um Best-seller, logo não podia ser mais cru e real do que na verdade saiu... Vou ler os próximos para ver onde vai esta história.
 

quarta-feira, agosto 29, 2012


Sente-te...
Pressente o desejo furioso percorrer-te as veias
A vontade contida hora após hora
Por vezes quase apagada...
Não és tu... assim não és tu.
Tens de te libertar, de sentir como és,
Sonhar como sonhas,
Seres tu... para o bem e para o mal.

Somente tu...

segunda-feira, julho 23, 2012

Livro de Cabeceira XIX


Após alguns tempos afastado da leitura, lá terminei o livro que me tem teimosamente acompanhado nos ultimos meses. A Estrela do Diabo, do Norueguês Jo Nesbo provou ser um policial consistente, detalhado, com pormenores bastante conseguidos. o titulo é um pouco enganador, mas o guião desenrola-se de forma entrincada e misteriosa, agarrando quem o lê.
A história... Um inspector decadente, alcoolico e perdido na vida é destacado para uma equipa de elite para desvendar e tentar capturar um serial killer que atemoriza o verão de Oslo.
A partir daí, o serial killer aparentemente obedece a um ritual satânico, o que se vem a verificar não corresponder minimamente à realidade.
No meio, a vida pessoal de Harry Hole, o tal inspector, é vista e revista, dando conta de pequenos grandes dramas que quase o levam à autodestruição.
Aconselho a leitura deste policial nórdico...

terça-feira, julho 10, 2012

As plantas cá de casa


Ciclame


Orquidea


Bonsai


Orquidea

terça-feira, junho 26, 2012

Visão bipartida...


Jardins de Serralves - Porto

sexta-feira, abril 27, 2012

Tempos passados



Sai em busca de tempos passados, de dor e alma forte.
Luta por ti nas memórias de fogos ateados séculos atrás.
A vã glória de uma guerra interior, de uma matança dentro do ser.
A eternidade da procura de um bem maior, de um homem grande,
de um cavaleiro perdido, talvez para sempre...

terça-feira, abril 03, 2012

The Eternal


Procession moves on, the shouting is over,
Praise to the glory of loved ones now gone.
Talking aloud as they sit round their tables,
Scattering flowers washed down by the rain.
Stood by the gate at the foot of the garden,
Watching them pass like clouds in the sky,
Try to cry out in the heat of the moment,
Possessed by a fury that burns from inside.

Cry like a child, though these years make me older,
With children my time is so wastefully spent,
A burden to keep, though their inner communion,
Accept like a curse an unlucky deal.
Played by the gate at the foot of the garden,
My view stretches out from the fence to the wall,
No words could explain, no actions determine,
Just watching the trees and the leaves as they fall. 

Joy Division

domingo, abril 01, 2012

Million Miles


Após horas de espera no Teatro do Bairro, os Kaviar subiram ao palco num evento com o apoio da antena 3. A casa quase vazia e a voz quase inaudivel de Humberto Felício podiam ter estragado mais uma apresentação da banda de Abrantes, mas o profissionalismo dos seus elementos salvou a noite.
Apesar de se mostrarem algo introvertidos, os Kaviar souberam honrar os fiéis espectadores que resistiram quase até à 01.30 (a hora prevista eram as 23.00!).
Desfilaram os temas do seu único album e apresentaram uma música nova, num espaço que tem tudo para se tornar mais uma sala de (bons) espectáculos da capital.
Prometo voltar a vê-los no seu ambiente natural, na sua terra natal, onde no ano passado os conheci num festival da juventude numa pequena aldeia dos arredores de Abrantes (Abrançalha). Aí sim! Grande Rock'n Roll!!!

domingo, março 18, 2012



Devaneios de um gajo com tempo que gosta destas mariquices de plantar umas flores... 
(estão no meu mini quintal)

terça-feira, março 13, 2012

Fecha-me a porta...


Fecha-me a porta...
Encerra em mim o desejo libertário da vida.
A fome do corpo e da mente que anseiam sempre por mais,
Tantas vezes escondida,
Tantas vezes incompreendida...Raras desejada...
Amarra-me ao eu correcto, o pacifico, o adormecido...
Segura-me a besta no interior e fa-la hibernar.
Fecha-me a porta da carne...
Encerra-me por dentro e roda a chave do ser.

Estarei sossegado... Até a porta aguentar.

sexta-feira, março 09, 2012


Tantas vezes se sobe como se desce...

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Aldeia da Mata Pequena


Há projectos, que pela sua singularidade e ousadia, merecem destaque. Então quando defendem as tradições e ajudam a manter uma identidade, merecem ser divulgados e acarinhados.
A Aldeia da Mata Pequena era uma localidade da freguesia da Igreja Nova, Mafra - que se encontrava praticamente ao abandono. Uma rua com casas tipicamente saloias, algumas delas centenárias, em ruínas e a aguardar a morte definitiva.
Alguém, com força de vontade e muito bom gosto decidiu adquirir essas ruínas e devolver-lhes a vida que fugia a passos largos.
Reconstruiu-se aos poucos, primeiro com seis casas, depois alargando a outros proprietários, que se converteram à ideia de as recuperar, foram renascendo outras habitações devolvidas ao mundo que as tinha perdido quase irremediavelmente.
O resultado é uma Aldeia dedicada ao turismo rural, com sucesso, onde cada pormenor, exterior e interior, nos fazem recuar umas décadas nos tempos e mantém vivas as memórias desta região tão próxima da capital, mas com uma cultura tão diferente e rica.
Um muito obrigado aos impulsionadores deste projecto pelo que estão a conseguir, aliando uma actividade económica à defesa do património arquitectónico e cultural das minhas origens.
Venham conhecer...
http://www.aldeiadamatapequena.com/

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Faz-me...


(foto roubada descaradamente)

Ouves os gritos ao longe?
São vozes de dor, vozes de prazer, ecos distantes de vazio.
Sentes o arrepio lancinante dos olhos fechados à luz?
São olhos cegos pelo clarão horrendo das bombas ferozes
São seres destituídos de razão, seres vazios de composto,

Agarra-me a mão e faz-me suplicar o golpe letal,
mata-me, enterra-me e faz-me desaparecer no eterno...
Faz com que se esqueçam da minha existência.

Não vertas uma lágrima sobre o meu corpo, 
afasta-me da vida sem demora.

Depois...
Depois, faz-me renascer.
Faz-me à tua imagem,
molda o meu existir à tua vontade suprema...

Faz-me a teu gosto.
Faz-me apenas.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Vive


A vida é uma luta constante entre luz e trevas, entre bem e mal, entre os nossos "eus" que se degladiam por prevalecer...
Sombras de nós, pedaços de nada. Vive, respira, agarra com força as tuas vontades, procura sentir, esquece a razão.
Vive como se amanhã não estivesse lá porque talvez não esteja. Não tenhas medo.
Vive...

sábado, fevereiro 11, 2012

“Se estás na escuridão total, só te resta sentar e esperar que os teus olhos se habituem ...”


― Haruki Murakami

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Livro de Cabeceira XVIII

A minha ultima leitura nesta fase conturbada da minha vida... Um livro sobre o quotidiano de um prédio de uma cidade portuguesa nos anos 50 do século XX, as vidas cruzadas de pessoas simples, apenas simples por fora, vistas ao longe... As intrigas de vizinhos que dependem mais uns dos outros que pensam ou querem pensar. Para o bem e para o mal. Claraboia é um titulo de Saramago, uma leitura que flui sobre os segredos mundanos de meia dúzia de familias portuguesas obrigadas a manter a máscara da seriedade e da moral e bons costumes da sociedade lusitana. A ler...

segunda-feira, janeiro 02, 2012


e a vida continua...