(Foto roubada descaradamente do facebook do Ás de Espadas)
Foi no passado dia 9 de Dezembro que assisti ao vivo a uma apresentação do projecto La Chanson Noire, no Ás de Espadas (Rua Luz Soriano, 18 - Bairro Alto) Confesso que para além de uns temas no Youtube, pouco conhecia dos seus sons e letras.
Foi com emoção pura que percebi que um dos convidados de Carlos, ou melhor, Charles Sang Noire, era o meu escritor Português favorito da actualidade, David Soares, de quem já vos falei em posts anteriores, relativamente a titulos lidos, que nos presenteou com poesias de vários autores portugueses, cujo tema comum é a morte.
Apenas com o piano a acompanhar, à luz das velas e num ambiente perfeitamente intimo e negro, tive contacto com letras que me arrepiaram, tanto que me dizem, um som entre o clássico e o burlesco, fazem deste projecto recém descoberto um dos que pessoalmente mais me dizem como ser humano(?).
Convidada foi também Melusine de Mattos, poetisa do desespero e do amor, que apreciei bastante os textos lidos pela própria.
Deixo aqui um agradecimento aos responsáveis pelo espaço, que além do bom gosto e do esforço em manter aquele local um polo de cultura e tertúlia, primam pela simpatia, fazendo-nos sentir aconchegados e bem recebidos.
Do recital ouvido e sentido realço a letra de "Água Benta" que aqui deixo, por razões óbvias me tocou particularmente...
Cravo negro, corvo sou,
Fraco e feio,
Colho almas onde vou,
Qual centeio,
Cheiro a campa e saibo a pó,
Acre, intenso,
No inferno, sonho só,
Choro, penso:
Dou abrigo à morte lenta,
Existo para imolar,
Trazei-me o manto magenta,
E espinhos para coroar,
Minha alma é peçonhenta,
Beberei ao acordar,
Sete litros de água benta,
Para me purificar…
Sapo negro, sapo sou,
Asco e visco,
Colho medo aonde vou,
Drama, risco,
Sou mordomo do terror,
Susto, salto,
Filho bastardo da dor,
Grito alto…
Dou abrigo à morte lenta,
Existo para imolar,
Trazei-me o manto magenta,
E espinhos para coroar,
Minha alma é peçonhenta,
Beberei ao acordar,
Sete litros de água benta,
Para me purificar…
Fraco e feio,
Colho almas onde vou,
Qual centeio,
Cheiro a campa e saibo a pó,
Acre, intenso,
No inferno, sonho só,
Choro, penso:
Dou abrigo à morte lenta,
Existo para imolar,
Trazei-me o manto magenta,
E espinhos para coroar,
Minha alma é peçonhenta,
Beberei ao acordar,
Sete litros de água benta,
Para me purificar…
Sapo negro, sapo sou,
Asco e visco,
Colho medo aonde vou,
Drama, risco,
Sou mordomo do terror,
Susto, salto,
Filho bastardo da dor,
Grito alto…
Dou abrigo à morte lenta,
Existo para imolar,
Trazei-me o manto magenta,
E espinhos para coroar,
Minha alma é peçonhenta,
Beberei ao acordar,
Sete litros de água benta,
Para me purificar…
Até breve...