Noite fria e carregada de névoa que congela o ser,
Os sons nocturnos enchem o anfiteatro da serra sagrada,
Mãe do mundo, Mãe dos homens ancestrais, Deusa de deuses menores
há muito perdidos na intemporalidade do espaço profano, apenas lembrados por poucos resistentes, uns quantos tomados por loucos, ou apenas "excêntricos" que teimam em prestar homenagem aos idos, aos mortos despojados de vida material, mas tão presentes neste circulo negro iluminado de velas titubeantes, marcado com o sangue virginal do sacrifício supremo, da morte que teima ser vida, da ode ao renascer, dos cânticos de êxtase e luxúria que se desembargam de gargantas viciadas em sumo pontifício de prazer e dor...
A serra sagrada espera por nós, a noite acolhe-nos a alma cansada, farta de sofrer, ansiosa por uma nova era. O monte das serpentes é nosso!
Ophiusa retorna o seu esplendor, a sua magia antiga e incompreendida.
Devotos do desespero, amantes do atroz, todos caminham em silêncio por entre a penumbra confortante da Mãe, para a caverna-utero onde nos apaziguamos enfim...
Salve Natura, Salve Ignis, ressurge do fogo libertador e voa... Ibis ocidental.
1 comentário:
Salve turbatio sanguinis...
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