Fumou o último cigarro do maço
Já desbotado, que vivia dentro do bolso
Enquanto ponderava nesse cérebro confundido
de cansaço e demência, o que fazer...?
Talvez o cigarro lhe desse a resposta.
Admirou o laranja vivo que o consumia e fazia morrer.
Seria mera morte ou apenas transformação?
Afinal a morte do cigarro dava lugar
Ao nascer do fumo pardo
Intoxicante e viciador...
Pensou no que tem e sobretudo, no que perdera
Ao longo do caminho demasiado longo,
Satisfez-se ao reparar que as perdas
Já não magoavam assim tanto,
Já não asfixiavam como antes,
Não passavam agora de pedras pequenas
Na paisagem deserta da vida.
No fim de contas era a única coisa
que quebrava a monotonia do horizonte da memória...
segunda-feira, junho 14, 2010
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4 comentários:
Excelente momento... uma prosa fascinante...
Agradecido...Momentos raros de (pouca) inspiração :)
Agora o cachimbo vai ficar ciumento por não ter um poema também...
Muito bom!
Ainda bem que apreciaste...Obrigado também.
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