Das fontes e regatos milenares,
Das aguas sempre renovadas
Em eterna passagem pelas pontes ancestrais
Dos murmúrios e ladainhas de anciãos
Ali se preservam as almas escondidas
Os votos velados de tradição
As matas imutáveis que nos abraçam,
O nevoeiro místico que me guarda ao cair da noite
Os uivos dos lobos perdidos, as velhas magias e poções
Tudo me regenera, tudo me atrai…
Não sinto medo, sinto respeito,
Não me assustam, fascinam-me,
Fazem-me procurar mais, ver para além do óbvio,
E imaginar os tempos antigos, a escuridão, o isolamento,
Os mitos, as lendas que perduram nas mentes fechadas…
Porque assim aprenderam, porque assim teve de ser
A civilização não os entende, chamam-lhes loucos
Estranhos, excêntricos e pobres de espírito.
Exactamente o contrário, mulheres e homens talhados
Na pedra e nas serranias que os rodeiam,
Seres em comunhão com os mistérios da terra.
O garrano livre que pasta, o predador que mata para ser,
E o homem aprende a (sobre) viver neste mundo que não é dele…