terça-feira, novembro 11, 2014

Ossos do Oficio

 
Vinhas pela estrada
Alguém te pergunta de onde vens,
Venho do nada, vou para o nada
A raiva corre-te nas faces,
Em forma de lágrima,
que destila o ódio,
que arranca a dor,
Chamem-me Louco, pobre louco
Chamem-me o que quiserem,
Eu nada ouço, eu não existo fora do meu corpo.
 
Vinhas por aí ao anoitecer,
Corrias feito louco pelo mato,
qual lobisomem enfeitiçado pela Lua
que cresce lentamente por cima de ti.
Vinhas... corrias... matavas.
 
Matavas-te em pequenas doses
Insanidade de luxuria,
E sorrias demente,
Ignorando o parasita que te devora
Lentamente o interior.
 
Mataste novamente,
Esse sufoco em ti
Apenas apazigua com o sangue anónimo
O sangue ainda quente das entranhas alheias
O esgar de dor e piedade naquele ultimo estertor
Nem te fazem vacilar, apenas mais uma morte
Apenas menos um vivo a incomodar.
Ossos do oficio, pensas para ti...
 
Voltas pela estrada,
Alguém te pergunta para onde vais,
Vou para o nada, vim do nada
E o sorriso macabro invadiu-te a face,
Já na penumbra do cipreste onde o corvo te espreita.

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