Ainda ouço o vento a chamar por mim lá fora, no gelo que queima, na noite escura.
Esse vento que faz a chama da vela que nos ilumina dançar como se uma possessão lhe tivesse tomado conta do espírito.
Olho para as sombras que a acompanham na dança frenética pelas paredes e tremo de horror, parecem fantasmas de tempos passados a exigir a minha presença, o meu amor.
Não durmas ainda…conta novamente as velhas histórias de onde vieste, dos altos montes onde os veados ainda correm, onde o javali ainda é senhor, faz-me sentir o olhar altivo das águias que planam ao longe.
Olho para as sombras que a acompanham na dança frenética pelas paredes e tremo de horror, parecem fantasmas de tempos passados a exigir a minha presença, o meu amor.
Não durmas ainda…conta novamente as velhas histórias de onde vieste, dos altos montes onde os veados ainda correm, onde o javali ainda é senhor, faz-me sentir o olhar altivo das águias que planam ao longe.
Conta-me do ribeiro que passava perto da tua casa e onde as gentes lavavam os seus pecados sem intermediários e sem dor…
Faz-me sentir os cheiros e sabores que rodeavam a tua infância, as ervas aromáticas que queimavas em respeito à Deusa Mãe, com reverência e encanto de quem vive e sente diferente.
Faz-me sentir os cheiros e sabores que rodeavam a tua infância, as ervas aromáticas que queimavas em respeito à Deusa Mãe, com reverência e encanto de quem vive e sente diferente.
O Sol, esse, ainda dorme o primeiro sono e vai demorar a acordar, não durmas, conta-me uma nova história, das que confortam e fazem-me sentir perto.
Não me deixes…eu não te deixarei…
5 comentários:
belíssima foto e excelente texto!
parabéns!
beijinhos, joana h
"Quid me nutrit me destruit", escreveste em tempos. Um estranho estado de latência foi a única mensagem suave que consegui deixar na altura, e revejo-o hoje mais intenso. O vento, já o ouvi. A chama da vela, senti-a em mim, e aos fantasmas que chamam. Conheces os montes onde correm os veados e as velhas canções que entoam os mais velhos, as gentes que já não existem. As ervas aprendi-as contigo, a língua foi-me ensinada por ti, a fogueira ateaste-a tu. Com as tuas palavras, com o teu conhecimento, com as tuas histórias fizeste-me querer saber sempre mais, perguntar porquê. Conheço-te aqui, sei de cor as tuas palavras e os aromas delas. Se escreveste isto para alguém, será decerto alguém sortudo.
tenho alguém assim...mistico e sobrenatural...ás vezes tenho medo de a perder..que ela vá e não volte mais...senti um pouco essa solidão que tenho dentro de mim que sintom quando me imagino sem ela...e o cheiro das ervas queimadas...dos defumos...não quero perder isso nunca
Beijos
Catarina
Quem é que não queres que te deixe? Quem prometes não deixar?
São memorias de um antepassado que te conta historias que não queres deixar morrer ou esquecer? Ou não te queres esquecer de ti? Das tuas origens?
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