De tempos em tempos, surge em Portugal uma figura que, pelas suas qualidades, pela sua imagem ou simplesmente pela altura certa em que aparece, faz renascer a vontade e o espírito messiânico Lusitano.
Sidónio Pais foi uma dessas figuras da nossa história recente. Fez Portugal renascer e acreditar de novo que era possível voltar à glória perdida, aos anos dourados da Portugalidade, através de uma tremenda crença no Sebastianismo, nas teorias do Quinto Império e nas ciências ocultas.
Figura mística, fora do estéreotipo do Português, conseguiu em pouco tempo mobilizar uma Nação desmoralizada e pouco habituada a uma política de mão férrea, ao culto da Personalidade.
Ascendeu meteoricamente, através de um golpe militar, obtendo o apoio da população, que via naquela figura a salvação e o condutor que Portugal tanto esperava.
No mesmo ano foi morto a tiro na Estação do Rossio, em mais um banho de multidão, que tanto idolatrava a imagem mágica daquele Major do exército.
Morria assim mais uma vez, o sonho de um povo de voltar a ser olhado com respeito pelo resto da Europa e do Mundo.
Fernando Pessoa, grande admirador de Sidónio, chamava-lhe o Presidente Rei, tal era o fascínio e a aura mística que o rodeava.
Ficam aqui algumas palavras retiradas de um poema dePessoa sobre Sidónio:
Soldado-rei que oculta sorte
Como em braços da Pátria ergueu,
E passou como o vento norte
Sob o ermo céu.
Mas a alma acesa não aceita
Essa morte absoluta,
o nada De quem foi Pátria,
e fé eleita,
E ungida espada.
Quem ele foi sabe-o a Sorte,
Sabe-o o Mistério e a sua lei.
A Vida fê-lo herói, e a Morte
O sagrou Rei!